11 setembro 2006

Cooperação no seu melhor...


Chegaram a Maputo no dia 1 de Setembro três técnicas estagiárias do IPAD, imagina-se, para reforçar a equipa técnica do Cooperação Portuguesa neste país. Nada de estranho e até muito louvavél este esforço não fosse a Cooperação Portuguesa em Moçambique inexistente!
Recordemos:

As expectativas:

1) Moçambique, a par dos outros quatro Palop's e de Timor-Leste é dos poucos países beneficiários da Cooperação Portuguesa. Não é pecado, cada um dá o que pode e a mais não é obrigado.
2) Portugal é membro desde há um par de anos do denominado G18, isto é, o grupo de 18 paises que anualmente financiam o Orçamento Moçambicano. Um grupo de elite de parceiros de Moçambique em que a presença de Portugal é de indiscutivel valor.
3) De Portugal, como antiga potência colonizadora e com importantes investimentos em Moçambique ( Banca, Cimentos, Hotelaria, Telecomunicações, Energia, Construção Civil) e com uma comunidade que conta com umas centenas de milhar de residentes, com inúmeros interesses, espera-se o melhor, a maior participação, o melhor entendimento, a maior colaboração e sobretudo, a melhor cooperação.
4)Não será demais recordar, que, pelas mesmas razões invocadas anteriormente, a expectativa dos moçambicanos relativamente a Portugal é enorme. A dos moçambicanos e a dos nossos parceiros de cooperação. Afinal, é o telejornal da RTP que se vê nas televisões do Rovuma a Maputo, é em português que se escreve em Moçambique e são os nossos clubes de futebol que fazem a alegria de Macuas, Inhambanes e Macondes.

A realidade:

1) Portugal deveria ter, como em tempos já aconteceu, um Conselheiro, um Adido e um técnico para a Cooperação, junto da Embaixada em Maputo. Três pessoas que são de menos para o trabalho que há a realizar. Ora, o que acontece, é que não temos nem Conselheiro, nem Adido, nem Técnico. Não temos nada!! E não temos ninguém há pelos menos 4 anos!

2) Portugal como membro do G18 é um parceiro nulo. Passamos o cheque todos os anos, qual pai ausente, e pura e simplesmente não nos preocupamos sequer como esse dinheiro é gasto. Escusado será dizer da imagem que os nossos parceiros têm de nós!
São estes parceiros, como a Suécia, Noruega, Espanha, EUA, Itália, entre outros, que acompanham semanalmente as reuniões sectoriais da governação moçambicana. Talvez porque o dinheiro lhes custa a ganhar preocupam-se com a forma como ele é gasto!

3) Portugal deixou de contar seja para o que for em matéria de projectos de cooperação em Moçambique. Perdeu toda a credibilidade junto dos seus parceiros e, mais grave, junto dos moçambicanos, não os do governo, que esses estão sempre prontos para novos cheques, mas junto da sociedade civil.

A falta de vergonha:

1) O Senhor Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Prof. Dr. João Cravinho, acaba de autorizar a nomeação de três técnicas estagiárias ( estagiárias!!!!) do IPAD para reforçar a Cooperação em Maputo.

2) O mesmo governante, que não tem assento junto do G18, apesar de passar o cheque, propôs aos seus parceiros liderar o projecto de requalificação da Ilha de Moçambique, mais, propôs inclusivé que os seus parceiros fossem fazer uma visitinha à ilha ( não fossem eles desconhecer a realidade do país). Creio ser desnecessário esclarecer qual a reacção dos parceiros de cooperação e as considerações dos mesmo ao projecto de "cluster" do governo português.

3) Países como os EUA, a Noruega, a Suécia, a Itália e até mesmo a Espanha, não só têm as suas agências de cooperação no terreno, como contam com o trabalho de dezenas de técnicos e adidos para coordenar, acompanhar e liderar os diferentes projectos. Afinal quem paga são os contribuintes dos seus países.

4) Se o governo português não tem qualquer projecto coerente para a Cooperação com os Palop's então para que se cansa, a eles e a nós, com estes despropósitos??
Fechem as embaixadas e peçam aos cooperantes para regressar a casa.

Conclusão:

1) Tenham juizo!

2) Não façam as pessoas passar vergonhas, nomeadamente os portugueses que estão no terreno.

3) Se não lhes interessa nem têm nada para fazer ou dizer, encerrem o IPAD. Sempre se poupam uns dinheiros.

4) O Prof. bem podia ir fazer qualquer coisa diferente na vida. Porque não volta às salas de aula?
Do fundo do coração lhe digo; já vimos que não tem vocação para isto, desista que nós não ficamos zangados.
Vá para casa, nós prometemos mantê-lo ao corrente das novidades!

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