11 setembro 2006

A chalaça do Dr. Louçã

O Dr. Louçã, a troco dos 30 segundos diários de telejornal, comparou António Carrapatoso, Belmiro de Azevedo e Paulo Teixeira Pinto a Don Corleone. Motivo: a exemplo do lendário patrão da máfia, também estes empresários fariam aos seus trabalhadores… «propostas irrecusáveis de rescisões voluntárias». Esta chalaça, que sobre ser pesadota e forçada, foi pouco feliz, mereceu decerto o aplauso das hostes bloquistas. Porém, todos nós, os que vivem desobrigados de incensar o Dr. Louçã, temos umas coisitas a dizer.
1º O actual humor bloquista é uma pálida imagem do humor irreverente que era a marca inconfundível do PSR. Lembram-se da “ovelha negra” e do “não lhes dês cavaco”?
2º Na era da globalização, quando a internacionalização e a competitividade das empresas portuguesas estão na ordem do dia, o Dr. Louça vê o mundo empresarial como um conflito entre patrões-mafiosos e suas vítimas.
3º Ou seja, afastada a chalaça, sobra a estafada retórica marxista, que reduz a economia à imutável lógica da luta de classes: empresários e trabalhadores, à semelhança dos actores em uma peça de teatro, desempenham, mecanicamente, os papéis predefinidos de opressores e oprimidos.
4º Já sabíamos que o Dr. Louçã vê o mundo a preto e branco, dividido entre bons e maus, entre os detentores da verdade e os que laboram em erro. E ele, claro está, é dos bons.
5º E vamos ficando a saber que o BE, para além da retórica marxista e das chalaças do Dr. Louça, não tem muito mais para oferecer.

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