31 outubro 2006

OE 2007: um mau orçamento... (3)

O OE 2007 traduz um aumento da despesa corrente do Estado em 3,6% face a 2006.
Ao contrário do que diz o Governo, não existe nenhuma redução da despesa. O que há é uma redução da despesa no peso do PIB! Ou seja, a despesa cresce em termos absolutos mas reduz o seu peso percentual!
Mais um truque na maneira de apresentar os números, mais uma cambalhota em relação ao que se disse sobre artifícios nas contas públicas...

4 comentários:

Diogo Ribeiro Santos disse...

Juro que tentei, mas não consigo perceber como pode a despesa aumentar em termos absolutos sem aumentar em percentagem do PIB. Posso estar muito enganado, mas parece-me que se a única hipótese de a despesa aumentar em 3,6% sem aumentar em percentagem do PIB é um aumento do PIB igual ou superior a 3,6%. Juro que estou perplexo...

Anónimo disse...

De facto, não fui suficientemente explícito no que escrevi. Passo a explicar:
Há de facto um aumento de 3,6% nas despesas correntes (funcionamento do Estado), as tais que deveriam diminuir numa verdadeira consolidação orçamental. Por outro lado há uma diminuição grande das despesas de capital (investimento). O somatório das 2 traduz uma diminuição em termos do PIB.
Conclusão: o Governo corta no que é mais fácil e não consegue diminuir os gastos da máquina do Estado. Isto não é consolidação orçamental!!

Carlos Sério disse...

No orçamento para 2007,as Despesas de Investimento diminuem 112,6 milhões de euros em relação a 2006, equivalente a 3%, em termos nominais e cerca de 1% em termos reais.
Ao contrário, a Despesa Total aumenta 1.869 milhares de euros, equivalente a 2,65%, quando a inflação prevista é de 2,1%.
Enfim, exactamente na mesma lógica dos últimos anos. Mais despesismo e menos obra.

Diogo Ribeiro Santos disse...

Se o Governo não consegue cortar nas despesas correntes ao menos que diminua as de capital, impedindo o crescimento do deficit. Não é uma verdadeira consolidação orçamental, concordo; mas prefiro claramente menos obra (na expressão do Ruy) a ter um Estado que não consegue gastar menos do que aquilo que ganha.
Aliás, acho este objectivo do deficit médio de 3% muito pobre: devíamos almejar o superavit orçamental.