16 janeiro 2007

Os Portugueses III

No passado mês de Novembro, escrevi dois "post" acerca do concurso televisivo que então estava em preparação para a eleição do maior português de sempre.
Teci algumas criticas à realização do concurso e à forma como estava a ser apresentado. Pareceu-me uma ideia originalmente boa, que poderia contribuir de forma muito salutar para o conhecimento da historia nacional e daqueles que a fizeram, no entanto, nunca gostei do método e muito menos das discussões que se geraram acerca da inclusão ou exclusão deste ou daquela personalidade.
O concuso lá decorreu, e eis que ontem assisti em casa aos resultados, ficando desde logo a conhecer o nome daqueles que os portugueses(numa votação muito significativa para um programa televisivo) elegeram como as 10 figuras mais marcantes e importantes da sua história colectiva.
Como havia afirmado anteriormente, temia pelos resultados, contudo, eles foram mais espantosos do que eu imaginava.
Exceptuando as figuras de Camões e de Pessoa, poetas maiores da Língua Portuguesa, do Infante D. Henrique e de Vasco da Gama, pioneiros da expansão ultramarina, sobram dois monarcas: Afonso I, e D. João II e um diplomata/humanista- Aristides de Sousa Mendes. O que resta são políticos...e que políticos!! - Pombal, Salazar, Cunhal...
Compreendo a nomeação de Afonso Henriques, afinal é o fundador da nacionalidade, e também a de D. João II, homem inteligente e de visão que promoveu, na senda dos seus ascendentes, uma solidificação da política de expasão. Aristides de Sousa Mendes foi para mim uma surpresa, mas não acho mal.
O que acho mal, é a nomeação de três políticos que representam, cada um à sua maneira, o poder,as doutrinas e as ideologias do poder tirânico e ditatorial.
Não foi eleito um único democrata, um único político humanista ou liberal. Nada!
Diz-me com quem andas....

27 comentários:

Diogo Ribeiro Santos disse...

É a minha vez de dizer: MUITO BEM!

Chicão disse...

Apesar de não terem ficado nos ditos "10 mais", alguns grandes democratas constam da lista (Sá Carneiro, Mª de Lurdes Pintassilgo...). O grave será à mistura estar José Mourinho e Pinto da Costa... Não seja tão rápido na crítica PBH, tire o dedo do gatilho. Forte Abraço

Anónimo disse...

al menos salio Vasco da Gama, realmente me habria sorprendido muchisimo que no hubiera salido :)

Pedro BH disse...

Caro Chicão
Já arrumei o revólver.
Na lista dos 100 mais estão concerteza democratas, até na lista dos 1000 mais...
Mas isto já não vai lá de revólver, só de canhão...

Chicão disse...

Não acho que seja caso para tanto!

Anónimo disse...

Concordo com PBH! Realmente é de lamentar a escolhar dessas três figuras para os 10 principais. Mas creio que chicão também tem razão... e mais grave ainda que as personalidades desportivas que refere, é haver na lista (seja dos cem, dos mil ou do milhão) um Hélio Pestana (que eu não faço a menor ideia quem seja e a sua biografia também não esclarece) ou um Ricardo Araújo Pereira... Efectivamente, o sistema de seleccção e votação pelo público em geral tem destes problemas: é que ao pretender-se executar uma ideia, de facto "originalmente boa", se conduz à descredibilização da mesma pela ridicularidade do resultado que se atinge.

Olindo Iglesias disse...

Diz o ditado que dos fracos não reza a história e, confirma-se, com razão.

Não querendo recuar demasiado no tempo, porque a perda de memória é geometricamente proporcional ao passar do tempo,a verdade é que, também eu, não vejo nenhum grande político português no século XX durante o dito periodo democrático.

E para que fique registado prefiro a democracia (de preferência segundo um modelo anglo-saxónico).

Anónimo disse...

Demos Cracia: o poder do povo. Democracia... qual o motivo de tanto espanto e lamentos? O povo votou. Com os seus defeitos e qualidades, mas votou. Não há sistemas políticos perfeitos e a democracia é um deles.

Não era um entusiasta do programa, muito menos pela imagem que queriam fazer passar de algo "científico", rigoroso, quando não passa de um mero programa de entretenimento, de uma "brincadeira" à volta de figuras/personalidades portuguesas. Recordo que até o prof. Fernando Rosas recusou ser consultor do mesmo. Usei o tempo verbal no passado pois quando vi em que moldes irão ser apresentadas as biografias dos dez mais votados resolvi alinhar neste passatempo, em que previamente não havia votado. Será muito interessante (sim de facto fiquei rendido mas não vendido ao programa...) assistir ao dr. Portas a defender D. João II, ao prof. Jaime Nogueira Pinto a defender o prof. Oliveira Salazar, ao prof. Rosado Fernandes a defender o 1º Marquês de Pombal, à dra. Odete Santos na defesa do Dr. Cunhal, à dra. Clara Ferreira Alves a defender Fernando Pessoa,etc, etc mas sobretudo à dra. Ana Gomes, imagine-se, na defesa de D. Vasco da Gama. Agora é a minha vez de expressar um lamento... lamento, mas D. Vasco da Gama está à partida derrotado.
A meu ver irá ganhar D. João II...

Anónimo disse...

Não vejo porquê a derrota antecipada caro ASD... afinal de contas, ambos, a seu tempo, avistaram coisas estranhas!

PSG disse...

Cada povo tem a televisão que merece e cada programa tem a audiência que merece.
Este programa disfarçado de nobres princípios e erudição histórica não passa de uma espécie de “big brother dos famosos da tumba” onde a apreciação dos candidatos e os métodos de escolha deviam envergonhar qualquer português.

O “top ten” é de ir às lágrimas, seja porque os camaradas do PC estão mais organizados e preocupados em eleger o Dr. Cunhal do que lutar pelo lupen do operariado e do campesinato lusitâno, seja porque os saudosos do ancião das botas de St.ª Comba Dão querem aproveitar o momento para ajustar contas com a história.

O resto já se sabe, está lá o Camões, mas sem a Amália e o Eusébio que ficaram à porta, estão também os Reis e seus heróis bajulados da 1ª à 4ª classe, o grande Marquês arquitecto de pulso firme, o Pessoa dos cafés de traça pombalina e pasme-se, um tal de Aristides.
Perante um quadro de déspotas e sem uma única mulher, nem um único cientista, nem sequer o melhor da nossa história e tradição humanista, fiquemos ao menos com o nosso cônsul para nos encher de orgulho e fulgor patriótico.

Mas claro está, isto até é um programa democrático, o povo votou e escolheu, por isso toca a enfiar a viola no saco e cantar para outras bandas porque para mim, o melhor português é o Senhor meu Pai.

Anónimo disse...

Fora Cunhal que nada fez além de papaguear ideologia alheia e viver à conta disso, Marquês e Pombal e António de Oliveira Salazar têm todo o direito de estar entre os dez grandes portugueses, lutaram pela glória e estabilidade do seu país enquanto os "humanistas e liberais" se passeiam pelo mundo com o dinheiro que os outros deixaram e deixam-nos à mercê de assassinos e ladrões na terra que os grandes portugueses criaram. Claro que para os políticos "humanistas e liberais", seus apaniguados e afins não falta tacho e nem precisam de trabalhar mas e o povo? Não gostaram da resposta pois não? Era de calcular! O "ditador" deixou o cotão nos bolsos como herança familiar, mas os cofres do Banco de Portugal a abarrotar! Foi assim que os encontraram os políticos "humanistas e liberais" da nossa praça e como lhes soube bem! De que outro modo dariam a volta ao mundo? Todos têm direito a opinião e como tal esta é a minha. Nasci e vivi na época de Salazar, nunca o conheci mas quando morreu senti-lhe a falta até hoje. E lamento nunca lhe ter apertado a mão honesta e trabalhadora. Sem dúvida grande português e patriota António de Oliveira Salazar!

Pedro BH disse...

Pois é, este post está a dar que falar.
Temos opiniões para todos os gostos.E é bom que assim seja!
O resultado do "Top 10" é afinal um retrato do Portugal real.
Fico, contudo,com alguma curiosidade acerca das opiniões do EPB e do Olindo Iglésias.
Ambos concordam em não haver nenhum político de nomeada no Portugal liberal e democrático. É curioso; sobretudo quando hoje, graças à democracia, estamos aqui alegremente a escrever o que nos dá na real gana.
Pela parte que me toca, excluindo essas três almas ensombradas de perucas, foices e botas, pouco me resta senão os poetas que tiveram a virtude de tornar rica e grande esta língua que falamos, no entanto, este voto não me satisfaz inteiramente.
Existe de facto um candidato que não foi votado por ninguém, nem nomeado, e é pena. Esse candidato poderia ter o nome de "português desconhecido", um pouco à laia do soldado desconhecido, e que é no fundo uma homenagem a todos esses anónimos que são a razão de ser e de existir de um país.
Se tal candidatura existisse, teria o meu voto, como não existe, penso votar em favor do Senhor D. Afonso I,que jamais pensou ir a eleições e que afinal de contas fez nascer este país tão pitoresco!

Tita disse...

Ai tanta snobeira!!!

Fiquem feliz só pela ideia da iniciativa, ainda que não tenha corrido segundo os vossos "critérios"

Anónimo disse...

E se não fosse a democracia escreveria aqui na mesma o que me desse na real gana porque nunca usei mordaça nem senti que me fosse imposta nesses tão mal afamados tempos de antigamente, a minha vida foi sempre de trabalho honesto e isso nunca afectou
ninguém. Quanto ao Afonso tenho as minhas dúvidas e daria para muita filosofia porque não tenho nem nunca tive a idéia de que fez nascer este país. Terra dada à mãe em dote a quem esbofeteou para a roubar? Como iria propor-se a eleições? Havia de ter graça não era? Podia vencer um ditador que até batia na mãe...Isto começou mesmo mal!...Nem em criança a história cor de rosa me convenceu e quando ajudei meninos a estudar fui sempre dizendo,tal como hoje, que os factos históricos são descritos de acordo com a cor dos olhos de quem os vê e de muitos, muitos interesses.

Anónimo disse...

PBH, realmente Portugal es bstante pintoresco, y mientras mas opiniones a la lista de ilustes aparecen, mas pintoresco me parece, pero a mi me va genial, a fin de cuentas aprendo :)

Diogo Ribeiro Santos disse...

Ó Tita, desculpe lá! Por essa ordem de idéias estamos, não tarda, a dar vivas ao festival da Eurovisão, à Operação Triunfo e quejandos produtos televisivos... só pela iniciativa! Mas, vá aparecendo e dizendo de sua justiça.
Aproveito para saudar também o nosso visitante EPB e desejar que continue a aparecer por cá e a exprimir-se com tal e qual franqueza; afinal, este blog só existe para isso. Deixo-lhe uma pergunta: os tais milhões que alegadamente recheavam os cofres do Banco de Portugal, a foram de algum proveito para si e para muitos outros que, como o meu amigo, tiveram uma vida de trabalho honesto? Absolutamente nenhum, não é verdade?

Caetana disse...

Ai esta tita... A tia está super assustada... Snobeira??? Iniciativa??? Por amor ao NSJC, que a tia é do mais crente que há, qual iniciativa? O queimar dos impostos dos contribuintes em programas sem qualquer valor a acrescentar ao conhecimento dos tios??? Pleassssssssssssssse Tita... a menina ainda está muito verde... É que a tia é Laranja, está a ver... já cá anda há algum tempo!

Anónimo disse...

Há um pequeno equívoco quando DRS fala de mim mas deixo adensar o mistério porque é giro...De facto o ouro deixado no banco não me deu nada mas tive emprego, segurança, paz e quer queiram ou não, o respeito que merecíamos do resto do mundo. Senti isso. Se a pide me prendesse então sim, já lucraria desse ouro depois do 25 de Abril, pois essa foi a condição para tantos gozarem a vida e viver de tachos até hoje, depois de dourados exílios cheios de mordomias. Mas como já disse vivi de trabalho honesto e respeitando o meu semelhante o que não me levou a essa prisão altamente dignificante posteriormente, embora ,sem o saber na altura, tivesse contactado com agentes dessa polícia do estado (como se chama agora? Varreu-se-me!)que eram meus colegas de trabalho e fiquei em choque quando vi os seus nomes na lista publicada em jornais da época da caça às bruxas (mas será que estavam mesmo lá todos?...)porque calcule! eram seres como eu, casados, com filhos, com problemas de sobrevivência como qualquer ser humano. Trocavamos impressões sobre os assuntos de interese do país, do trabalho, da família e nunca me mandaram prender, se calhar e se adivinhassem que me iam beneficiar num futuro quem sabe me dariam essa achega, nem que fosse só para me interrogarem sobre o clube do meu coração, era o suficiente para usar essa medalha que me renderia riqueza, tal como tantos fizeram! Ai, ai! Vou pensar escrever um livro a contar as novas histórias da carochinha. Saudações bloguistas!

Pedro BH disse...

Essa história que nos conta o caro EPB do filho que esbofeteia a mãe para lhe roubar os pertences é engraçada e bastante cor-de-rosa de facto!
Mas não quero entrar por aí, porque já vi que a honestidade é ponto único na avaliação da conduta pública das personalidades avaliadas pelo nosso comentador.
A seriedade, a visão alargada, a actualidade, a instrução, a idoneidade, o espírito reformador,o desejo na ilustração e crescimento económico de um povo, são tudo caracteristicas menores na avaliação de um político.
Não ponho em causa a honestidade do seu trabalho, nem a sua nem a de ninguém, mas permita-me que ponha em causa a idoneidade e a honestidade do Presidente do Conselho que governou este país durante cerca de 40 anos.
Em 1973, Portugal não era um país respeitado pela comunidade internacional, não era um país rico, não era um país ilustrado, não era um país modernizado, não era um país com uma economia dinâmica, não era um país livre.
Pode argumentar sobre todos os malefícios produzidos durante os anos que se seguiram a 1974, e em muitos deles lhe darei razão seguramente. Mas é preciso não confundir as criticas que aponta à democracia ou ao liberalismo com as virtudes do Estado Novo.
Claro que o EPB é sempre livre por optar por uma ditadura, talvez porque o seu trabalho honesto e tranquilo nunca o tenha obrigado a pensar nem a desejar mais e melhor para o seu país. É tão confortável ter alguém que pense e decida por nós não é? Dificil é tomar opções, lutar por ideais, arriscar a pele se for preciso por aquilo em que acreditamos.
Mas eu compreendo as opções do dinheirinho no banco e da honestidade das contas de mercearia.Pobretes e alegretes...Muita censura que nos tire dos jornais e da televisão as misérias humanas, onde o que nos é transmitido são só virtudes, ainda que falsas.
Eu prefiro a realidade, e prefiro a realidade podendo ser parte integrante da sua transformação.
Pena que a honestidade não seja sinónimo de seriedade. Ser honesto não é o mesmo que ser sério.E mesmo esses, como diz o velho ditado " À mulher de César não basta ser séria, é preciso parecê-lo.."

Anónimo disse...

a minha ignorância está esmagada perante a brilhante escrita de pbh e pressinto a experiencia amarga que tem sido a sua vida cheia de seriedade e de luta por grandes ideais PARABÉNS. Antes de me remeter ao silêncio que me provoca o extase em que fiquei, digo-lhe que sou mesme pobrete, não tenho e nunca tive dinheiro no banco, apenas o curto ordenado e também sou alegrete, mas não lhe chego aos calcanhares em esperteza, conhecimentos e experiência de vida, reconheço humildemente, espero que fique contente, pressinto a sua vida de luta por mim e por todos aqueles que como eu se limitam a ser pobretes e alegretes. Lamento que não se insurja quando de Espanha chegam comentários infelizes sobre o nosso país, onde está esse patriotismo? Finalizo pedindo-lhe desculpa mas... para mim Salazar foi um grande português.

Anónimo disse...

Quanta inflamação PBH parecia um panfleto e fez-me lembrar o meu papagaio que adora ver televisão e de tanto ouvir os políticos já sabe de cor e salteado toda a demagogia. Cabecinha pensadora? Hum... Não se zangue que o poder de encaixe chega com a maturidade, tenha calma pede-lhe a turma da Mónica.

Pedro BH disse...

Caro EPB
Se tiver a paciência necessária percorra um pouco os arquivos deste Blog e veja pelos seus próprios olhos aquilo que penso sobre o que os espanhóis pensam de nós e, sobretudo, aquilo que os portugueses pensam de si próprios.
Entre outros, tive oportunidade de escrever alguns "Post" intitulados " O Sol de Espanha". Esses "post" originaram várias discussões interessantes durante uns tempos.
Terei sempre muito gosto de ler a sua opinião e discutir consigo, sendo que essa é a razão de ser deste Blog e das pessoas que aqui escrevem.

Pedro BH disse...

Caro Cebolinha.

Permita-me que lhe faça outra sugestão de leitura. Deixa a Mónica e as suas aventuras e se realmente gosta de BD, que me parece ser o caso, leia por exemplo o Astérix, é divertido e é didático. Sempre aprende alguma coisa de história.
Se as lutas a que assistir entre os irredutiveis gauleses lhe causarem inflamação não se preocupe.Com a maturidade virá também o poder de encaixe e verá que tudo não passa de escaramuças entre gente teimosa mas divertida.

Quanto ao seu papagaio permita-me também que lhe dê um conselho: não o deixe ver demasiada televisão. A televisão pode ter efeitos muito estranhos sobre a ave, sobretudo se os canais a que assiste são os mesmos onde participam políticos da craveira do Dr. Carrilho.
Ponha-o, em vez disso, a ouvir os programas de rádio do António Sala, assim sempre faz alguma coisa de útil e decora os valores do jogo da mala, o que pode dar jeito se receber alguma chamada em casa.
Com sorte ainda vão os dois de férias até ao Parque Astérix!

Anónimo disse...

Já vi que o caro PBH conhece a fundo a banda desenhada (ah os verdes anos!) e não me espanta porque é isso que penso quando leio o que escreve, achei que gostaria da turma da Mónica pela ingenuidade que demonstra, afinal é mais gerreiro e gosta de poções mágicas. Mas sabe com qual o identifico melhor? Com a do Snnopy porque o revejo no Linus sabe, aquele que não abandona a fraldinha... O que à partida lhe tapa um pouco a visão. Oh homem não seja tão carrancudo, brinque um pouco para aliviar o stress diário e... de vez em quando caia na real, mas na real mesmo valeu?

Pedro BH disse...

Menos mal que me compara ao Linus, que, como sabe, é o intelectual do grupo, e que apesar de andar agarrado à fralda é quem normalmente resolve os problemas aos seus amigos com tiradas filosóficas de génio!
Pior fora que me comparasse ao Woodstock, visto que acha graça às comparações ornitologisticas.

Anónimo disse...

Volto cá para lhe dizer PBH que ainda não tive tempo para rever os arquivos (a minha grande lástima é a falta de tempo) mas penso faze-lo e quanto à demagogia de que falo é esta:"Em 1973 Portugal não era um país respeitado pela comunidade internacional, não era um país rico, não era um país ilustrado, não era um país modernizado, não era um país com a economia dinâmica, não era um país livre" Parto do princípio de que para si agora é tudo isto e essa a demagogia que lhe aponto, pois pouco disso vejo. Em redor só observo miséria (estou a falar de povo, não de dirigentes claro), desespero, desilusão e insegurança. Contrariamente ao que já senti em tempos, é um salve-se quem puder vindo das mais complexas e atrozes circunstâncias.Sou saudosista? Não me ofendo. Admiradora de Salazar? É verdade. Assim como em criança gostava do Marquês de Pombal, confesso que as personalidades fortes ne atraem, e depois, na História houve tanta gente sanguinária e prepotente mas que só queria o bem de Portugal não era? Enfim, tempos, vontades, olhares diferentes, vida e morte, é assim. Julgamentos? Humanos ou divinos? Já lhe disse quanto admiro a sua cultura e versatilidade mas nunca chegaremos a acordo neste assunto. Saudações bloguistas.

Pedro BH disse...

Cara EPB

Fiquei descansado. Afinal a minha demagogia era por ter feito um retrato negro do Portugal de 1973.
Podia tê-lo feito pior sabe? Não falei por exemplo da guerra colonial, que já durava há 12 anos e que arrasava os cofres do Estado, ceifando a vida e as prespectivas de milhares de jovens; não falei dos milhares de portugueses que viviam em África e que pelo governo português não ter sabido encontrar uma solução inteligente e pacífica para os territórios ultramarinos, se viram a braços com uma revolução e uma posterior descolonização desastrosa perdendo tudo o que tinham, até a nacionalidade.
Não falei das condenações públicas que a comunidade internacional fazia a Portugal por alimentar uma guerra extemporânea e inútil em todos os fora internacionais a começar pelas Nações Unidas, onde cada vez que o embaixador ou MNE português falavam a sala ficava vazia.
Não falei da enorme quantidade de analfanetos (60%) que não sabiam ler nem escrever. Não falei da censura em tudo aquilo que se publicava ou mostrava nas salas de cinema em Portugal. Não falei das prisões políticas sem acusação formal. Não falei das fraudes eleitorais. Não falei de muita coisa...

Cara EPB
Segurança? Ordem? Falta de miséria? Esperança? Progresso? MAs isso é o que desejamos todos.Ou não será?
A opção está em querer fazer disso um proecto e desígnio nacional em que todos participem, numa contribuição ampla da sociedade, num amplo consenso de ideias e de vontades. Isso é a democracia!
É dificil o caminho? Pois é. Mas ninguém disse que era fácil.
Deixar tudo nas mãos de um só homem " de personaliadde forte" que decida por tudo e por todos? Mesmo sendo honestissimo! Não obrigado. Como tive oportunidade de afirmar noutro comentário, a honestidade não é sinónimo de seriedade.
O caminho e a decisão política de cada um é válida em democracia. A sua também é.
Seja como for, o Dr. Salazar já morreu faz 38 anos. Portugal é hoje um país muito diferente e com problemas diferentes para serem geridos.As soluções para esses problemas há que encontrá-las hoje, nos portugueses de hoje e com os portugueses de hoje.
Houve outro homens na história portuguesa de personalidade forte que foram liberais, defensores de sistemas democráticos e do progresso do país.
O Dr. Salazar é sobretudo um homem extemporâneo na sua visão do mundo. Se em vez de ter governado Portugal no séc. XX o tivesse feito no séc. XIX seguramente a nossa visão da sua obra seria diferente!