30 janeiro 2007

Obviamente SIM!

Entrámos hoje em campanha de esclarecimento para o referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez de 11 de Fevereiro. Todos somos chamados a participar, e é nosso direito e obrigação dar a nossa opinião.
É isso que agora faço.

Porém antes de continuar, gostaria de balizar o resto do texto com pergunta que vai a referendo, e que é a seguinte – "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

Em meu entender é isto que está em causa. Despenalizar e descriminalizar a interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas.

Responder SIM à pergunta é acabar de uma vez por todas com a vergonha de ver mulheres serem denunciadas, perseguidas, acusadas de assassinas e julgadas em tribunal.

Muitos daqueles convertidos de última hora à protecção de alguns direitos das mulheres, dirão que se está a fazer uma descriminação entre as mulheres que irão recorrer à interrupção até às 10 semanas e as outras que continuarão a ser criminalizadas após as 10 semanas.
Pois bem, o Direito a limites e a prazos obriga, como também foi este o limite que a comunidade médica e científica adoptou como sensato e ainda aquele que o Tribunal Constitucional considerou como equilibrado e legal.

O limite que vai à consideração dos portugueses é substancialmente mais baixo do que aquele existente e legal na esmagadora maioria dos países europeus. A média comunitária está nas 12 semanas e importa mencionar o caso do Reino Unido que permite a IVG até às 24 semanas.

O Portugal moderno e europeu que defendo, não pode continuar a manter uma lei que se situa e trata as mulheres, mais perto do século XIX do que do século XXI.

Votar SIM é dar uma oportunidade a milhares de mulheres de poderem praticar uma interrupção voluntária da gravidez segura, num estabelecimento de saúde legal e em condições.
Não votar SIM é manter tudo na mesma! É manter a actual situação tenebrosa de lançar as mulheres para o aborto clandestino em qualquer vão de escada, a pagar para sofrer e em grande parte dos casos ir parar a um estabelecimento de saúde legal a esvair-se em sangue e quem sabe… morrer!

O SIM não impõe nada a ninguém, quem não quiser fazer uma interrupção da gravidez não é obrigada a fazê-lo.
O SIM combate o aborto clandestino porque dá uma solução concreta para um problema real e permite que pelo menos até às dez semanas, a mulher possa ser apoiada e a sua vida defendida.
O SIM permite acabar com uma das maiores ultrajantes vergonhas da nossa sociedade democrática, que permite que se lancem para a prisão, mulheres que já muito sofreram na pele, na sua consciência e intimidade, e que sentem que já se auto-condenaram.
O SIM dá dignidade às mulheres, trata-as como iguais e sem paternalismos, combate a hipocrisia e a vergonha de continuar a assistir à aplicação de uma lei que não funciona há 23 anos, a não ser na perseguição e penalização.
O SIM é a única opção para quem entende que estamos perante uma questão séria de saúde pública à qual não podemos virar as costas.

Mas seja qual seja o resultado de dia 11, só espero que TODOS de uma vez por todas exijam de facto em Portugal e digam SIM, a uma educação sexual séria, a um planeamento familiar real e à promoção do uso total de métodos contraceptivos.

13 comentários:

Anónimo disse...

Obivamente NÃO!

“Votar SIM é dar uma oportunidade a milhares de mulheres de poderem” matar o filho que têm na barriga, “num estabelecimento de saúde legal e em condições.”

Obviamente NÃO!

”O SIM permite acabar com uma das maiores ultrajantes vergonhas da nossa sociedade democrática, que permite que se lancem para a prisão, mulheres que” por mero prazer e descuido se arrependem de ter gerado um filho e que portanto decidem matá-lo porque nao veio em boa altura.

Obviamente NÃO!

”O SIM dá dignidade às mulheres”… extremamente curioso o conceito de dignidade de PSG. Um mae que mata o próprio filho agora passou a ser uma mulher digna. Estou certo que, caso ganhe o SIM, todos os milhares de mulheres que refere que passarao a matar os filhos com assistência médica, irao orgulhar-se disso e vao logo contar o feito às amigas e à família… afinal de contas passaram a ser pessoas mais dignas!

Obviamente NÃO!

Recordo que a actual lei em vigor, já permite o aborto até às 24 semanas em caso de malformaçao do feto, risco de vida do fecto ou da mae, risco de saúde da mae ou violaçao!

Votar SIM, é permitir o recurso indiscriminado ao aborto como se de um método de contracepçao se tratasse… uma pílula do dia seguinte que se pode usar durante os 70 dias seguintes… especialmente útil para cobrir descuidos, pressas, esquecimentos, devaneios ou loucuras… mata-se o filho e arruma-se o problema. Próóóóóximo!

OBIVAMENTE NÃO!

NÃO! NÃO! NÃO!

Carlos Sério disse...

Acho uma barbárie que com a actual evolução dos conhecimentos humanos, no actual estágio da evolução do Homem, se pensa em provocar um aborto como meio de poupar sacrifícios económicos à mãe. Porque é disso que se trata na grande maioria dos casos. A mãe, pressionada muitas vezes por terceiros, quer ter o direito de praticar o aborto por questões puramente economicistas. Considero isto, uma aberração nos tempos que correm.
Útil seguramente à Europa dos monopólios, que assim sacode do modo mais fácil a água do capote, mas completamente aberrante para quem tenha da vida, do Homem e da sua evolução, uma visão mais sensível, solidária e humana.

Esta filosofia racionalista e economicista, isenta de valores, que moldura a Europa Imperialista de hoje, manifesta-se naturalmente na legislação da prática do aborto. Não é por isso estranho que pessoas “liberais” como o senhor Vasco Rato, Morais Sarmento, ou o nosso “liberalíssimo” Sócrates, se empenhem na campanha do Sim. Não existe nenhuma incoerência na sua assumpção da liberalização do aborto. Incoerência existe, sim, nos meios da esquerda, que pretendendo defender um ideário progressista, sem atenderem às mudanças do Mundo, caem na armadilha da História e permanecem mecanicamente fiéis às racionalidades do século passado.

Caetana disse...

"OBVIAMENTE"...???
A tia não percebeu porquê o "obviamente sim!"... Não é obvio que a tia seria enclausurada numa cela e acusada de ser a maior das assassinas se descubrissem as unimigas que a tia, deliberadamente, liquidou!? Não é obvio que sim? Não é obvio que ninguém pode matar uma vida humana? Não é obvio que ninguém tem o poder de avaliar ou julgar se este ou aquele devem morrer? O meu caro PSG é assim tão bom juiz? OBVIAMENTE QUE NÃO!

P.S. - A dignidade da mulher é posta em causa quando esta se deita com qualquer um para uns momentos de loucura e prazer... o SIM não lhe vai dar uma coisa que ela já não tem! O NÃO, o MEU NÃO, vai abrir-lhe os olhos: ao menos com uma criança no colo vai ser mais dificil deitar-se com outro!

Crescem meninas!

PSG disse...

Meus Caros

E uma mulher que faz um aborto ao abrigo da actual lei, também mata o filho?
Ou supostamente já passa a poder matá-lo se cumprir os 3 requisitos legais?
Ou será que o Não vive na hipocrisia, porque o que quer é referendar a lei que está em vigor?

E o aborto clandestino que mata mães e que desde 1984 aumentou sem parar?
E quantos denunciaram as clínicas de barraca que fazem abortos?
Ou será que é mais fácil acusar as mulheres que recorreram a elas?
E tirando estes momentos mais “quentes” no debate de 1984, 1998 e 2007, onde estiveram e o que fizeram para acabar com o aborto e nomeadamente o aborto clandestino?

E acham mesmo que as mulheres são frívolas, descuidadas, esquecidas, loucas, perversas…e têm prazer e gosto em fazer um aborto ??

E acham mesmo que continuar a penalizar as mulheres se resolve este problema?

E alguma vez na vida vão conseguir olhar para a pergunta de dia 11 tal como ela é?
E será que acham que aqueles que defendem o SIM, são insensíveis, frios, calculistas e desumanos?

Olindo Iglesias disse...

Ao que parece a esmagadora maioria dos médicos portugueses recusa-se a ser cúmplice neste crime. Quem sobra? Clínicas espanholas patrocionadas com o dinheiro dos nossos impostos!

Caro PSG, independentemente de se poder discutir esta questão do ponto de vista económico, moralista, regilioso, político, financeiro, whatsoever, a mim preocupa-me apenas aquilo que parece ser um retrocesso civilizacional onde a vida humana torna-se secundária face ao egoísmo do homem moderno.

O abandono dos idosos, o filho único, e outros fenómenos idênticos são, em minha opinião, sinais exteriores do egoísmo crescente onde o "eu" sobrepõe-se a tudo o resto.

Infelizmente, a sociedade parece caminhar actualmente neste sentido, mas como os comportamentos sociais exibem muitas vezes padrões harmónicos estou em crer que algures no tempo haverá uma inversão do sentido em que parecemos caminhar.

Anónimo disse...

En el tema del aborto, el hecho basico es que muere un ser inocente por la decision de dos personas de tener sexo sin usar metodos anticonceptivos y que luego no pueden o no quieren asumir las consecuencias. En eso RM y RUY tienen toda la razon.

Pero concuerdo con PSG: ademas del hecho que seguira habiendo aborto clandestino, el sumar al drama que es un aborto la humillacion, la encarcelacion, y el escarnio tampoco esta bien. Los que voten contra la despenalizacion, deberian pensar que el hombre causante de esa vida merece el mismo castigo: si una mujer es castigada por el aborto, el hombre que engendro ese feto debe ser igualmente castigado, por no asumir su responsabilidad. ¿Que no sabia que podia la mujer embarazarse? POR FAVOR!!! Si se tiene sexo sin usar condon, o este se rompe, o se usa de forma equivocada, es obvio que puede haber embarazo. Eso es biologia basica. Por ende, si el No gana, deberian reconsiderar la pena tanto para mujer como para hombre. Si no es asi, entonces no es justo que la mujer sufra las consecuencias sola.

Ademas, hay un aspecto que se olvidan: detras de cada aborto hay una historia muchas veces tragica. La mayor parte de las mujeres no tienen sexo por el placer del sexo, lo tienen porque sienten afecto por el hombre. Y la traicion de ese hombre, su abandono, el sentirse usada y burlada, pesa tanto como el asunto economico en el tema del aborto.

Pensar en terminos de "irresponsable" es poner en el mismo saco a mujeres que bien pueden ser irresponsables con otras que realmente amaban al hombre que las traiciono. Creo que cuando voten,en vez de pensar en la estupidez de la modernidad, deberian reflexionar sobre la forma como los portugueses estan enfrentando su tema sexual.

Caetana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Caetana disse...

O grande problema que o SIM traria caso vencesse era o de tornar desculpavel algumas razões que todos hoje achamos indesculpaveis, pelo que a lei actual é EQUILIBRADA e, graças a Deus, EFICAZ!
Equilibrada porque garante as mulheres que REALMENTE precisam, porque existem esses casos e que todos os NÃO´s sabem e não julgam nem apontam, possam, com alguma "dignidade" abortar, já que... permita-me, a dignidade moral estará sempre comprometida ainda que a fisica escape.
EFICAZ porque impede que as meninas bem comportadas que por aí andam aos magotes, passem a usar a ida ao médico abortista (entretanto best friend pelas vezes que lá vão) como uma ida ao Oceanário em que se sai imenso de lá meia atordoada mas no fundo foi óptimo e relaxante porque PARECE o mais possivel que os PROBLEMAS DESAPARECEM todos!

Anónimo disse...

Tanto puritanismo até assusta...

Anónimo disse...

Querida Caetana, no entiendo una cosa: ¿porque es imperdonable el aborto, pero no lo es la exacerbacion sexual de la que todos somos testigos? Si condenamos el aborto condenemos tambien esta forma deformada de ver el sexo con la que somos diariamente bombardeados. Ese es el problema para mi. Hay una vision persimiva con las actitudes de riesgo, pero condenatoria con las consecuencias. Basta con ver como tratan los demas a las personas con enfermedades venereas, o a las adolescentes embarazadas. Hay un doble standar, en que esta muy bien hablar de cuantas orgias tiene un futbolista a las dos de la tarde, dando la señal de que las orgias son conductas aceptadas por la sociedad cuando alguien es exitoso, y muy mal cuando hablamos de castigar a una joven de 16 años por abortar despues de que sus padres la echaron de casa.

PSG tiene razon: seguira habiendo abortos clandestinos, y eso ocurrira porque el problema no esta en la ley, esta en la conducta sexual. La ley no va a impedir el aborto, el castigo no impide que ahora una mujer este abortando. Por ende, la ley no es realmente eficaz, porque no esta reprimiendo una conducta nefasta. Al contrario, cada vez habra mas abortos. Entonces, ¿por que debatir sobre una ley que, siendo realistas, en cinco años mas estara obsoleta? Debatan por que la pena de carcel no impide que haya cada vez mas mujeres abortando. Eso me parece mucho mas grave

Olindo Iglesias disse...

Tanto relativismo apovora... ;)

Consciência Critica disse...

NÂO! NÂO! NÂO!

Anónimo disse...

Ainda tou parva com o que li da tia Caetana! «A dignidade da mulher é posta em causa quando esta se deita com qualquer um para uns momentos de loucura e prazer... o SIM não lhe vai dar uma coisa que ela já não tem! ao menos com uma criança no colo vai ser mais dificil deitar-se com outro!Cresçam meninas»?!
A tia deve ser supê entendida de gajas e tudo, e hiper-bem-comportada, eu diria mesmo o orgulho da mamã. Mas engraçado é não ter visto qualquer comentário à falta de dignidade dos homens que com essas lambisgóias se deitam e que lhes viram as costas no momento em que ouvirem falar de bébés... é que essa parte já é hiper-foleira...
convinha que a tia actualizasse um bocadinho o raciocínio. sei lá, assim até aos Morangos com Açúcar e assim...