08 fevereiro 2007

Reviver o passado

«O documento que segue é a transcrição de um editorial da edição clandestina portuguesa do Jornal «Avante!» - Órgão do Partido Comunista (4ª Semana de Novembro de 1937)

Editorial

Resposta da Direcção

PORQUE É PROIBIDO O ABORTO NA URRS?
Damos imediata resposta a esta pergunta, formulada por algumas operárias do Barreiro. O aborto é um acto inteiramente anormal e perigoso, que tem roubado não poucas vidas e tem feito murchar não poucas juventudes. O aborto é um mal terrível. Mas, na sociedade capitalista, o aborto é um mal necessário, inevitável, benfazejo até. Na sociedade capitalista um filho significa, para os trabalhadores, mais uma fonte de privações, de tristezas e de ameaças. Quem tem filhos — diz-se — tem cadilhos. Pode-se imaginar algo mais doloroso que uma família de operários obrigados a sustentar, dos seus miseráveis salários, 5 ou 6 filhos? É a fome, o raquitismo, a tuberculose, a tristeza da vida, vivida em promiscuidade. E que futuro espera essas crianças? Serem uns desgraçados… como dizem as nossas mulheres. Por isso a mulher do [?] capitalista é obrigada a sacrificar o doce sentimento da maternidade , é obrigada a recorrer, tantas vezes com o coração sangrando, ao aborto. Por isso, a proibição do aborto, na sociedade capitalista, é uma hipocrisia e uma brutalidade. Na URSS, a situação é tão diferente como é diferente a noite do dia. Na URSS não há desemprego, não há miséria; há abundância de produtos. Tanto a mulher como o homem recebem salários que satisfazem as necessidades. A mulher grávida tem 4 meses de férias durante o período da gravidez, com os salários pagos. Há maternidades, creches, jardins de infância e escolas por toda a parte. O Governo soviético dá prémios que vão até 5 mil rublos para as mães que tenham mais de 5 filhos, etc. Ser mamã é uma das maiores aspirações das jovens soviéticas. ?E onde há uma esposa que não quisesse ser mamã sabendo que o mundo floria para acolher o seu menino? Sabendo que o seu filho não seria um desgraçado mas um cidadão livre da grande República do Socialismo? A criança, na URSS, deixou de ser um motivo de preocupações, para se tornar numa fonte luminosa de alegria e de felicidade. O aborto perdeu portanto a sua única justificação; tornou-se desnecessário. Por isso, o Governo Soviético resolveu propor ao povo trabalhador, a abolição da liberdade de praticar o aborto — liberdade essa concedida a título provisório, nos primeiros tempos da República Soviética quando esta gemia sob o peso da fome e da peste, ocasionadas pela guerra e pela contra revolução capitalista. Depois de discutirem amplamente a lei proposta pelo Governo Soviético, as mulheres e todo o povo trabalhador aprovaram essa lei que correspondia inteiramente às condições de existência livre e feliz que gozam os que trabalham na grande Pátria do Socialismo triunfante. . »

9 comentários:

Pedro BH disse...

Conjunturas...Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...Lá está!

PSG disse...

Pois é...Por estas e outras é que aquele belo e glorioso sistema se evaporou!
Em boa hora o povo russo fez por sua opção uma IVC - Interrupção Voluntária do Comunismo - num país legalmente reconhecido.

Caetana disse...

olé!

Anónimo disse...

Disculpen, pero dos cosas

1.- ES UN DOCUMENTO DE 1937!!!!!! Una cosa es mirar el pasado, otra es mirar un pasado de antes de la Segunda Guerra.

2.- ¿Habia abortos legales en los paises capitalistas en 1937? ¿En cuales?

Diogo Ribeiro Santos disse...

Calma, cara Marcela. O objectivo do post não é discutir o aborto e sim pôr a nu as contradições e a hipocrisia do discurso oficial do PCP. De resto, coloca uma boa questão: em quais?

Caro PSG,

Muito boa essa da Interrupção Voluntária do Comunismo. Está ao nível do lúcio manhoso do post "Estado Tentacular".

Anónimo disse...

Caro DRS, es que no deja de ser un poco freak usar un doc de 1937. ¿Donde queda la Revolucion de las Flores de los hippies? PEACE AND LOVE!!! ^-^

Anónimo disse...

Em 1910 também se fez por cá uma IVM...Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...Lá está!

Olindo Iglesias disse...

Meus caros,

Há 9 anos atrás o povo português votou Não, e fomos novamente forçacdos a referendar. Portanto, mesmo que ganhe o sim, nada impede que daqui a 9, 18, ou 27 não voltemos a referendar.

Nenham decisão é vinculativa ad eternum.

Anónimo disse...

Comunismo, não obrigado!