Depois de uma pequena ausência para férias, regresso à Gazeta com algumas reflexões de verão.
Aproveitei alguns dos dias que passei em Lisboa durante o mês de Agosto para visitar alguns dos principais jardins da Cidade. No início do Verão escutámos os vários candidatos à CML discursar sobre a falta de espaços verdes na cidade e os problemas que isso trazia aos cidadãos. É uma ideia chave numa época em que é politicamente correcto defender o ambiente mas infelizmente não passe de um "lugar comum". Ouvir políticos a falar de espaços verdes em Lisboa é uma grande lição de demagogia, proporcional à ignorância que da cidade têm esses ilustres vereadores. Decidi portanto ir pelo meu próprio pé fazer uma visita àqueles que considero serem os mais emblemáticos espaços verdes alfacinhas e retirar desses passeios as minhas próprias conclusões.
Iniciei as minhas visitas pelo Jardim Botânico do Princípe Real. Este jardim notável é um espaço imenso localizado em pleno coração da Cidade de Lisboa. Insere-se no que é hoje o Museu Nacional de História Natural. As actuais instalações do Museu ocupam (em conjunto com o Museu de Ciência e com o Instituto Geofísico Infante D. Luis) uma área que no século XVII correspondia à cerca do Noviciado da Cotovia com o seu horto. Extinto o Noviciado, foi fundado no mesmo espaço o Colégio Real dos Nobres (1761-1837), a que se sucederam a Escola Politécnica (1837-1911) e a Faculdade de Ciências (1911-1985).
O conjunto é notável, assim como a imensa variedade da colecção arbórea e está na dependência da Universidade de Lisboa e sob a tutela do Ministério da Ciência e do Ensino Superior.
Quem, como eu, fizer uma visita àquele jardim que se estende do Principe Real às cercanias do Parque Mayer depressa se depara com um cenário desolador. A começar pelo estado de conservação do edificio do MNHN, do IG Infante D. Luis e do observatório, este último em avançado estado de degradação. Os arruamentos quase deixaram de existir, as ervas e o lixo ocupam grande parte dos canteiros, os lagos mantém uma água estagnada e suja, os pequenos ribeiros deixaram há muito de correr.
O Jardim encontra-se praticamente deserto. Alguns turistas, um grupo familiar em piquenique, meia dúzia de crianças. O único espaço que concentra alguma animação é o borboletário que apresenta de uma forma bastante didática a forma de reprodução e o habitat de uma variedade de borboletas.
Um jardim que foi criado para investigação botânica e para tornar conhecidas espécies vegetais trazidas dos cinco continentes e dos locais mais remotos das antigas colónias portuguesas é hoje um espaço de coisa nenhuma.
Estou convicto de que a maioria dos lisboetas não conhece, não vive e não usufrui deste magnifico espaço em pleno centro da cidade. Contudo, isso não é razão para o estado de abandono e degradação em que se encontra. Os mais directos responsáveis deveriam ser chamados à atenção, mas isso de pouco servirá se os cidadãos não se preocuparem por um espaço que é comum, não o viverem, não o preservarem.
Deixo, desde já, o convite para que os leitores da Gazeta se desloquem a este jardim e possam avaliar pelos seus próprios olhos as minhas palavras.
7 comentários:
-Mas os jardins agora irão todos ser revitalizados, eu por mim sempre que puder hei-de verificar o estado em que se encontram, para apreciar a obra do "Zé", afinal ele ficou com o pelouro, veremos a falta que ele fez!
De facto o "Zé" poderia aproveitar para provar que para além de dizer disparates, sabia fazer alguma coisa. Os lisboetas agradeciam e sempre mudavamos de registo...
Sei bem em que estado se encontra hoje o Jardim Botânico... infelizmente! Estive lá ainda este Verão e comentei, igualmente, no meu blogue, em dois posts que ilustrei com fotografias. Deixo aqui o link mas, ao contrário da sugestão deixada aos leitores da Gazeta Lusitana, não desafio ninguém a gastar 1,50 € para ver as misérias que as imagens demonstram. É um desperdício!! Mais vale gastarem-no numa "loja dos trezentos"!
http://sogetreal.blogspot.com/2007/08/jardim-dos-horrores-150.html
http://sogetreal.blogspot.com/2007/08/galeria-dos-horrores.html
By the way, já adicionei a Gazeta aos meus favorites!
Boa noite e bons posts!
Obrigado caro "Get Real"!
Gostei dos seus post, e das suas fotografias que ilustram bem o estado da decadência daquele jardim!
Bons posts!
...e ainda caro Pbh, que cidadão em casa própria ou turista se atreve a visitar o jardim que refere quando à entrada é barrado por uma cancela de parqueamento? (diga-se), via única e pouco verde , até á próxima fronteira onde então deixará o seu contributo ao bem que falta à rega ou aos desvelos do dito!
Caro Anónimo..
Que a barreira fosse apenas essa e já não seria mau!
Mas a barreira é mental e começa muito antes do portão da Escola Politécnica.
Pode ser que no dia que ponham a rega a funcionar, façam também o favor de retirar a cancela!
É por demais evidente que as ultimas governações da Camara de Lisboa têm tido zero de preocupação com os principais jardins de Lisboa deixando-os em alguns casos quase a degradação, jardins estes que deveriam ser pontos de encontro ,descanso ,relax,descompreção ,cultura convivio,e como tal em prefeito estado de utilização ,tal como acontece com as principais cidades do mundo que dedicam muita atenção aos seus espaços Verdes. Como atrás foi dito vou ficar á espera de ver oque o Zé vai fazer .
JOY
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