As minha primeiras palavras aqui expressas são para felicitar os vencedores: o PS e António Costa. A grande vencedora da noite não merece qualquer felicitação, muito pelo contrário o mais adequado é um veemente repúdio perante tamanha abstenção. É inaceitável que quem tem o direito de ser cidadão não tenha plena consciência que tal implica direitos e DEVERES! Ainda não tenho opinião formada sobre o voto obrigatório, mas enquanto hipótese plausível não deve ser desprezada. Depois do sucedido temos um presidente de câmara eleito por um em cada nove eleitores do concelho de Lisboa! Temos um presidente de câmara eleito por 29,54 % dos 37,39 % dos 524248 eleitores que perfazem os 100% ! É o mais votado e é o novo edil lisboeta democraticamente eleito. Não estou a negar isso. Agora que é vergonhoso para a nossa sociedade civil, para a nossa consciência cívica e de cidadania e para a própria democracia é algo de indesmentível.
Abstenção... e coligação é um outro termo que deve vincar o que resulta deste acto eleitoral. Os lisboetas, aqueles que são eleitores e que foram depositar o seu voto na urna, determinaram que não dariam uma maioria absoluta a um só partido ou força política. Coligação é pois a palavra de ordem. Irá ser suficiente para por ordem? E que coligação e com que abrangência? É verdade o "Zé" foi eleito, desceu a votação, mas lá continua. Há, de facto, alguém que acha que ele faz falta. Costa também achará? O BE só elegeu um... pois... assim não fará falta a Costa. Pelo menos o "Zé" sozinho. Costa não quer Portela+1 mas quererá Roseta (2)+Zé (1)? A resposta não deve tardar e só António Costa a pode dar. A ver vamos... é preciso aguardar.
Bons resultados dos "independentes" sobretudo se tivermos em linha de conta que as máquinas partidárias em campanha eleitoral são sempre hegemónicas, esmagadoras mesmo. Três mandatos para Carmona e dois para Roseta é bem bom. Se bem que no caso de Carmona estamos a falar do anterior presidente de câmara que passa a vereador, mas que de qualquer forma tinha nessa altura o apoio da máquina laranja que deixou de ter. Também Negrão o teve e ficou em terceiro. É fraco o resultado. Arrasador mesmo. Apesar dos três vereadores. É o início ( diria antes a continuação) do percurso de Mendes para o abismo, para o deserto, para um deserto...
O CDS/PP não elegeu nenhum vereador pela primeira vez na sua história alfacinha. É triste. É mau. Para o partido e para a cidade. E não me venham dizer que era previsível. Mesmo com tão grande número de candidatos e com a dispersão de votos. Mas é verdade, aconteceu embora não tenha faltado muito. Não há volta a dar. Há que reflectir e agir em conformidade. O PSD vai fazer o mesmo. Espera-se. O CDS/PP também, ainda que por outras vias. Espera-se. Podem resultar decisões importantes para o percurso futuro do centro-direita não só em Lisboa, mas sobretudo a nível nacional.
Vamos ver e acompanhar o desempenho deste novo presidente de câmara nas suas novas funções, acabadinho de sair do governo, defensor do aeroporto na Ota e do garrote financeiro às autarquias locais, agora a conduzir os destinos da maior do país. E pejada de radares...
Chegará a barcaça a bom porto? Será Lisboa a vencedora?
11 comentários:
Lamento o resultado do seu partido caro André.
Espero que essa reflexão de que falou produza efeitos, se chegar realmente a ser feita.
O CDS/PP não vai pelo melhor caminho...
Efectivamente, caro ASD, os meus sentimentos... como sabe, era algo que eu há muito previa que fosse acontecer, embora o caro ASD se recusasse a ver com clareza... mas eu entendo a sua cegueira.
Também sabe o que penso quanto ao partido em geral e à sua extinção mais que previsível, de que já lhe falo há meses... julgo que o caro ASD continua a não acreditar em tal possibilidade, mas aqui estaremos para ver o que acontece e para o apoiar na sua desgraçada tristeza.
Coragem!!!
Sabe caro RM em relação ao CDS e depois CDS/PP já muito se disse sobre o seu encerramento. Se cada vez que se fala no fim do partido ele acabasse mesmo tal já teria sucedido múltiplas vezes. O que é certo é que a actividade política continua. Com fases boas e menos boas. Mas continua. E deverá continuar. Agora é necessária uma reflexão profunda. E não é só no seio do partido e deste partido que falo. No CDS/PP a moção aprovada no último congresso tem boa margem para o surgimento de um partido melhor e maior. É só necessário aplicá-la. Ora aí está uma primeira reflexão. A que a direcção do partido e o seu presidente vão fazer a seu tempo se tornará pública.
E agora diga-me lá esperava mais do António Costa não é? E Carmona que tanto atacou, em segundo lugar e três vereadores eleitos que me diz?
Terá de ser feita caro Pedro. Já foi feita em boa parte com a elaboração de uma boa moção sufragada pelo congresso do partido. Ao partir-se dessa base é necessário ter sempre presente que esse documento político é algo de orientador e concretizável. Nem falo tanto de mudanças radicais, pois recordo-me que o meu caro num "post" anterior mencionou que Portas não iria trazer nada de novo com o seu regresso à liderança do CDS/PP. Não é essencial mudar por mudar, trazer novidades e só novidades. Há tanta coisas de útil a aproveitar dos programas e projectos políticos de um partido como o CDS/PP. Com adaptações às características dinâmicas da sociedade, mas com base em certos valores que ainda fazem sentido. Na minha opinião o paradigma do centro-direita deve ser o conservadorismo liberal. Deve ser assumida e em força essa corrente política. Deixemo-nos de sociais democracias e democracias cristãs. Tiveram a sua utilidade na reconstrução da Europa no pós II Grande Guerra. Agora o caminho deve ser outro. As sociedades contemporâneas, de espírito livre e aberto, prezam e desejam um conservadorismo liberal onde se pratique o primado da liberdade responsável, do humanismo, do personalismo, do pluralismo, menos Estado, melhor Estado, forte iniciativa privada. Não querem políticas baseadas em doutrinas já desgastadas pelo tempo e não só nem novas doutrinas de desgaste mais rápido do que parece à partida (tipo terceira via), que contudo ainda vai colhendo apoios. Não querem de igual forma um capistalismo puro e duro, nem socialismo nem comunismo.
São já alguns contributos para a continuação da reflexão que deve preceder o regresso da direita ao poder em Portugal. Só não sei ao certo "quando" mas estas achegas para o "como" já são algo de palpável.
Caro ASD,
Na verdade, não esperava mais do resultado de António Costa. A maioria nunca foi uma possiblidade portanto não a podia esperar (ao contrário do caro ASD, eu procuro ser realista nas minhas expectativas...). Além do mais, acha que ganhar em TODAS as freguesias da cidade é pouco? Diga-me em que ano o CDS ou PP ou o que lhe quiser chamar, o conseguiu... aliás, quer recordar-me qual o último ano em que o CDS esteve na presidência da CML sozinho? Ai que cabeça a minha... isso nunca aconteceu pois não?
...
Quanto aos independentes já disse o que tinha a dizer noutro comentário. Leia.
O nome Nuno Krus Abecasis diz-lhe alguma coisa RM?
Certamente que sim caro ASD... aliás, no meu círculo de relações familiares estão membros da família Abecassis...
Mas leu com atenção a minha pergunta? O vocábulo "sozinho" diz-lhe alguma coisa?
Diz certamente e presidente de câmara, qualquer que ela seja, só há um em cada mandato. Logo esteve sozinho na presidência da mesma. Logo o CDS teve um presidente da CML durante dez anos, ainda que eleito no âmbito da AD.
Pois, efectivamente caro ASD, mas estávamos e estamos a falar de eleições... de como ganhar o poder. E esse senhor não chegou lá sozinho, ou seja, apenas apoiado pelo seu partido! Chegou lá numa aliança onde a maioria dos votos que obteve não vieram do partido de onde ele provinha. Aliás, não tem sido sempre assim que o CDS chegou a algum lado? Ah pois é...
"(...)quer recordar-me qual o último ano em que o CDS esteve na presidência da CML sozinho?"
A questão do RM é esta! Não é outra.
Com toda a razão, o termo correcto deveria ser "chegou" e não "esteve"... no entanto, o caro ASD, que eu até tenho por pessoa com razoável nível de inteligência, percebeu, pelo contexto da conversa, ao que é que eu me referia... Mas preferiu ir pelo caminho que mais lhe convinha...
Em síntese, o CDS nunca chegou sozinho à presidência da CML nem à presidência de nenhum outro orgão de maior releve nacional. De todas as poucas vezes que chegou ao poder, atingiu-o com a bengala de outro partido maior e mais importante e de onde vieram a maioria dos votos. O CDS desceu, nas últimas legislativas, à posição de 4ª força política nacional. E nestas eleições para a CML, onde nem sequer conseguiu representação, foi ultrapassado, em número de votos, por quatro partidos e duas listas independentes! Estes são os factos relevantes, ante a morte lenta anunciada do partido.
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