01 abril 2008

O poder e a autoridade.


A actual discussão na sociedade portuguesa sobre a violência nas escolas, os abusos de professores e alunos, a falta de rigor e de disciplina, a juntar a manifestações e protestos de professores de norte a sul do país é sinal de um grave diagnóstico da educação em Portugal.
As imagens publicadas na internet vindas do interior de uma sala de aula no Carolina Michaelis são apenas um exemplo do que acontece um pouco por todo o lado nas escolas públicas.
Fez bem o Procurador Geral da República em enviar para os competentes orgão judiciais a discussão e análise da matéria. Pode parecer um pouco exagerado e não faltaram protestos quer do Ministério da Educação quer até do bastonário da Ordem dos Advogados, mas a verdade é que é importante que este caso sirva de exemplo e sobretudo reforce a confiança dos professores na sala de aula.
Contudo, este caso é apenas um exemplo e mesmo que pontualmente a confiança seja restabelecida, dificilmente o problema estrutural se resolverá. O mais grave problema da educação em Portugal, ao nível da sala de aula, é um problema antigo e estrutural. Trata-se tão somente da definição e delimitação de uma fronteira ténue mas fundamental, que é aquela que separa o poder da autoridade. Infelizmente a grande maioria dos professores possuí o poder que a lei lhes permite mas não possuí a autoridade que o exemplo lhes concede. O poder é um mecanismo simples e um instrumento que se possuí ao serviço da legalidade, contudo, a autoridade advém de uma gama mais complexa de aptidões, indiscutivelmente pessoais, e que se revelam no carácter, no conhecimento, na atitude, e sobretudo na vocação, constituindo no seu todo um exemplo que implicitamente traz consigo o respeito e a consideração.
Não existe nada que nos conceda autoridade. A autoridade é ou não reconhecida no outro através de uma avaliação que não depende do próprio.
Poderia dar variados exemplos da minha vida de estudante de bons e maus professores, quer no ensino secundário, quer na universidade. De uma coisa estou seguro: nunca professor nenhum, a quem os alunos reconhecessem autoridade, alguma vez se prestou ao mínimo acto de desagravo para com um aluno ou vice-versa.

1 comentário:

Anónimo disse...
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