Na passada 2ª feira, 30 de Julho, morreram dois nomes de peso da chamada 7ª Arte: Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni. É de lamentar e aqui assinalar estes acontecimentos que todos reconhecem empobrecer o mundo das artes e da cultura de uma forma geral.
Não sendo um especialista nem sequer um conhecedor razoável da obra artística, não só cinematográfica, de ambos deixo-vos aqui algumas declarações feitas por João Bénard da Costa, escritor e director da Cinemateca Portuguesa:
"Em declarações à agência Lusa, Bénard da Costa fala de duas mortes "simbólicas", porque desaparece "um cinema moderno que já é clássico".
"Desapareceram todos. Já só resta [Manoel de] Oliveira", lamentou o director o Museu do Cinema.
Sobre os dois realizadores, João Bénard da Costa aponta algumas "coincidências" em termos de carreira cinematográfica, como o ano de 1955, em que se começou a ouvir falar deles, por conta dos prémios conquistados em Cannes e em Veneza, ou o início da década de 1960, quando os dois cineastas embarcaram em duas trilogias.
"Tirando essas duas coincidências, os dois realizadores são muito diferentes", sublinha o responsável.
Desde logo, porque Bergman tinha "uma profunda ligação ao teatro, enquanto Antonioni estava mais ligado à literatura e à pintura".
Antonioni, que morreu aos 94 anos em Roma, "era um cineasta da comunicabilidade, levou para o cinema uma via mais ascética e despojada do melodrama, com um sentido da impossibilidade do amor".
Bergman, que morreu com 89 anos, tinha um "cinema mais masculino, mais marcado pela problemática da metafísica e de Deus", enquanto o cinema de Antonioni "era muito mais do feminino e da mulher, com uma procura do sentido das relações e da vida", comparou.
Bénard da Costa recorda os momentos que privou com Antonioni, "os dias de convívio" por ocasião das duas passagens do realizador por Lisboa, nas décadas de 1980 e 1990, mas lamenta nunca ter conhecido Bergman pessoalmente, porque o cineasta sueco "tinha relutância em viajar".
Apesar da Cinemateca já ter feito retrospectivas das obras dos dois realizadores, Bénard da Costa referiu que o Museu do Cinema irá programar novas inciativas para recordar os autores. Resumindo o significado que estas duas mortes representam para o cinema, Bénard da Costa cita o próprio Antonioni quando, numa carta que lhe escreveu, fala da morte de Roland Barthes.
"Há um pouco menos de doçura e de inteligência no mundo. Quanto mais avançamos neste mundo que regride mortalmente, mais vamos sentir a sua falta. É isto que eu sinto perante a morte de Ingmar Bergman e Antonioni", disse João Bénard da Costa."
TVNET / Lusa
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