22 setembro 2006

A denúncia

Aqui há uns tempos marquei um encontro secreto com o anónimo que colocou o 9º comentário ao post "Basta!". Compareci na pastelaria Mexicana, à hora marcada, de sobretudo, com as golas levantadas, óculos escuros e jornal debaixo do braço. Lembra-se, amigo? Avistei-o, trocámos o sinal combinado, e entre olhadelas furtivas para os lados, sentei-me à mesa e atirei de chofre: «Tenho um plano! Vou juntar-me a outros bloquistas-privilegiados-com-estudos-que-viraram-comunas-só-para-chatear-os-paizinhos-porque-é-fixe e formar um BLOG DE EXTREMA ESQUERDA».
Você tremeu, amigo! e murmurou estas palavras, em voz sumida: «Prudência, prudência...».
E eu, com os olhos esbugalhados, raiados de sangue, continuei: «Está tudo pensado, há-de chamar-se Gazeta Lusitana. Vamos actuar sob o disfarce de uns reaccionários que escrevem a malhar no PCP e nas FARC, na Coreia do Norte, no Louçã, que denunciam os crimes do bloco soviético e escrevem a defender o Papa e a chamar palhaçada aos vôos da CIA. Na realidade, é tudo uma conspiração para minar os alicerces desta sociedade burguesa e instaurar uma ditadura do proletariado».
Dito isto, levantei-me e regressei à clandestinidade.
Você tinha-me jurado segredo, amigo anónimo, e agora vem revelar tudo no seu comentário. Isso é coisa que se faça? Estava tudo a correr tão bem, os comentários da Marcela Castro estavam quase a provocar uma revolução, ia começar uma gigantesca onda de greves selvagens e manifestações! Você merecia... ser julgado no TPI!
Ah, mas não fica a rir-se. Já tenho a minha vingança. Estava a blogoesfera em peso esmagada pela sua perspicácia, pelo seu olho de lince. Já se comentava: «Apre, que o tipo é uma raposa! Como é que ele descobriu, contra toda a evidência, que aquilo da Gazeta Lusitana era obra de comunas? Livra, temos ali um novo Nuno Rogeiro! Qual quê, um Marcelo Rebelo de Sousa!»
Como vê, a sua fama durou pouco. Aí tem o seu castigo. E nunca mais lhe conto um segredo. Juro-o pelos bigodes do camarada Stálin!

8 comentários:

Anónimo disse...

genial... ainda me estou a rir...
e, desde já, marca uns pontos pela sagacidade da resposta! E atenta a chiquérrima menção à Mexicana, até lhe concedo o benefício da dúvida... mas fica por provar a falta de fundamentalismo, pois pena é que, com tanta diligência a «postar» se abstenham de comentar e de replicar. porque o debate (conceito central deste blog) não consiste apenas em atirar ideias para o ar; para ser consistente terá de perder algum tempo o «instigador» a argumentar àqueles que desafiem as teses lançadas.
na Mexicana de óculos escuros, sobretudo e jornal no braço... tsc, tsc... seria impossível reconhecê-lo por entre tanta gente de igual!

Anónimo disse...

In meinen alten Zeiten ermangelten sie Kameraden als du, bloggers der Lusitana Zeitung.
Gute Arbeit Kameraden!

Anónimo disse...

Sie meinen unbedingt nicht mich, oder?! Und Ich glaube die Anderen konnen Kommuniste sein, aber schon nicht Marxiste, sondern wurden sie doch kein Geld haben um in Mexicana eine Tasse Kaffee zu trinken... :P

Anónimo disse...

Como bien apunta el señor 10497760 "o debate (conceito central deste blog) não consiste apenas em atirar ideias para o ar; para ser consistente terá de perder algum tempo o «instigador» a argumentar àqueles que desafiem as teses lançadas."

Me permito recordarle lo que el mismo expreso con respecto a la invasion en Iraq, "Quanto ao exemplo que deu do Iraque, é o (primeiro)Governo democraticamente eleito que pede, em nome da população que representa, a manutenção das tropas internacionais. E não são poucos os custos políticos internos que a Administração norte-americana tem de suportar para continuar a providenciar o apoio pedido..."

Entonces, ¿podra explicarnos por que en el informe Trends in Global Terrorism: Implications for the United States, que debe conocer, realizado por The National Intelligence Estimate,un centro de estudios en el que participan 16 agencias de espionaje de la Administración norteamericana, señala que la guerra en Iraq ha producido una nueva generación de radicalismo islámico y ha aumentado la amenaza del terrorismo?

En otras palabras, ¿que clase de democracia puede existir en un país donde se invade? ¿Que clase de democracia esta financiando Estados Unidos? ¿Que demonios esta haciendo Estados Unidos? Claro que el presidente de Irak (impuesto por Estados Unidos, porque es facil ganar cuando no hay otros candidatos)debe pedir que las tropas se queden y pedir mas, es que hay mas terroristas gracias a las mismas tropas.

¿Por qué Estados Unidos hace "não são poucos os custos políticos internos que a Administração norte-americana tem de suportar para continuar a providenciar o apoio pedido..."? ¿Quien le pidio que creara mas terroristas? ¿Que no le bastaba con Al Qaeda? ¿Quien le pidio que invadiera Irak? ¿Por que lo que gasta en mantener tropas en Irak no los utiliza en algo que realmente es beneficioso, como reparar el desastre del Katrina, o en mejoras a la salud y a la educacion? ¿Para que necesitamos mas terroristas?

Explique señor 10497760 sus opiniones a la luz de ese informe. Porque las conclusiones alcanzadas contrastan con la posición de la Administración de George W. Bush, que insiste que ir a la guerra fue lo correcto, que es lo que ud piensa. Porque ese informe, hecho por norteamericanos, funcionarios como ud, indica claramente que la democracia de Irak es una ficción.

Anónimo disse...

Boa 10497760! não só chegou bem para refrear os ímpetos da D. Marcela, como ainda conseguiu atiçar os bloggers a responder às suas provocações...
tal como você, também dou uma boa nota ao DRS pelo desportivismo da resposta.
e agora prá frente com novos temas e renovados debates!

Anónimo disse...

Como vê, Luís, ninguém pára a Marcela... e caso já nem lhe responda, ela persegue-o por posts nunca dantes navegados, que nada têm a ver já sobre os assuntos em que teima... e verá porque continuaremos a fugir dela:
1. o national intelligence estimate não é uma organização (muito menos de agências secretas - porque a vida real não é um filme do Schwarzenegger...), mas sim um relatório organizado sob a orientação do Conselho de Segurança Nacional dos EUA;
2. o documento está online a vale o que vale, embora seja mais interessante para quem não tem acesso a fontes de efectiva intelligence sobre os factos...
3. felizmente, a política externa dos países europeus não é traçada com base em relatórios feitos pelos americanos - por incrível que possa parecer, os europeus, e até os Estados da América Latina, têm fontes fidedignas próprias e com grande substância.
4. verá que a nossa amiga passa os dias a fazer downloads de relatórios na net, o que possivelmente vai intercalando com alguns romances policiais e com aquele vídeo que por aí circulou demonstrando que o ataque do 11-09 ao Pentágono afinal tinha sido provocado por um míssil norte-americano: é mais ou menos o tipo de teoria da conspiração que lhe apraz.
5. Para quem tem efectivamente responsabilidades, o tempo escasseia entre o trabalho e beber uns copos com os amigos, pelo que temos de ser bem mais rigorosos e certeiros com as fontes.
6. Desafio a D. Marcela ou qualquer outro a retirar em qualquer dos meus comentários uma apreciação (positiva ou negativa) à invasão do Iraque em 2003. Caso não compreenda bem português, será melhor que continue a comentar só o «Mira quién baila!», pois a minha referência tem a ver com a actual manutenção das tropas e não com o momento inicial da ocupação.
7. Afinal, a verdadeira democracia só existe quando a D. Marcela quiser e, sobretudo, quando concordar com os resultados dos processos eleitorais. Porque parece que o PM iraquiano não resultou de eleições livres e democráticas - foi sim imposto pelos EUA! Nem houve antes disso um referendo que aprovou a Constituição, que serviu por sua vez de base ao Parlamento! Tudo isto foi uma encenação dos EUA... enfim...
Uma pena que pessoas tão democráticas e liberais acabem por redundar num fanatismo desmesurado contra um povo e um Estado em concreto... Naturalmente um trauma provocado por algum visto recusado em tempos idos...

Anónimo disse...

En realidad me es irrelevante la opinion de 10497760 sobre un organismo norteamericano. En cuanto al desafio, la respuesta es simple: las palabras claves son "mantencion de tropas". El presidente de Irak no ha pedido que le envien tropas solamente, sino que se mantengan las que estan. Pregunta logica: ¿y que hacian tropas norteamericanas alli? Respuesta: llegaron con una invasion. Las tropas norteamericanas no se han retirado desde 2003. ¿O si? Y no he visto en ninguna parte que haga "uma apreciação (positiva ou negativa) à invasão do Iraque em 2003." Pero esta a favor de mantener las tropas que invadieron un Estado soberano ese año, bajo fuentes fidedignas que habian armas prohibidas. ¿O no?

Curiosa forma de defender el articulo 2.4 de la Carta. Algunos somos mas radicales en la defensa de la Carta, como lo somos tambien en la defensa de los Convenios de Ginebra, que el documento "Proyecto de Legislación del Gobierno para Crear Comisiones Militares" pretende invalidar. Si es ser de extrema izquierda defender normas erga omnes y de ius cogens, pues ¡¡¡¡VIVA TROSTKY!!!!

Anónimo disse...

até a D. Marcela alcançou, a custo, a distinção: eu nunca transmitiria num blog a minha opinião sobre uma questão muitíssimo complexa que foi a invasão do Iraque em 2003. o que é certo é que a actual situação no terreno aconselha a manutenção das forças internacionais, pedida pelo Governo (insisto: democraticamente eleito) do Iraque, para evitar o descalabro numa guerra civil, que seria trágica para o Iraque e para os países da região.
quanto à sua opinião, como bem disse da minha, é-me absolutamente irrelevante. Veja é se percebe o que critica: convém ler MUY DESPACITO...