31 maio 2008

O Barba Laranja


O ódio como lhe chamou Vasco Pulido Valente... "(...)aquele senhor das barbas da Quadratura do Círculo(...)". Para os menos atentos estava Luís Filipe Menezes a referir-se a Pacheco Pereira e não a Lobo Xavier ou Carlos Andrade.

Fazer a diferença

Hoje consumam-se mais umas eleições directas para eleger o líder do PPD/PSD. Os seus militantes (com as cotas em dia e que forem votar obviamente) escolhem entre Manuela Ferreira Leite, Pedro Santana Lopes, Pedro Passos Coelhos e Patinha Antão. Independentemente do resultado (ainda que me pareça claro que Manuela Ferreira Leite está em vantagem) julgo que o panorama político não se alterará substancialmente e em meu entender tal mudança é aquilo que mais necessitamos para um avanço da nossa democracia participativa. Renovação estruturada e sólida dos actuais partidos portugueses que são a base da vida democrática. Tanto tempo em campanhas, debates, mediatismo e tudo ficará basicamente na mesma. Não se discute (pior não se trabalha em prol de, embora tenha de sublinhar a existência de honrosas excepções) o essencial, questões estruturantes e de fundo, projectos necessários e de qualidade que contribuam e marquem positivamente várias gerações, reformas de todo o sistema político a começar pelas próprias estruturas partidárias. Coisas que tenham a ver com a qualidade de vida, com o desenvolvimento integrado e sustentável, passam tantas e tantas vezes para um plano confrangedoramente secundário assim como egoísmos vários que atiram para esse mesmo plano o civismo, a cidadania, a riqueza da diversidade e do pluralismo. A democracia e as pessoas, enquanto indivíduos e cidadãos, merecem outro tratamento, outra consciência, outra ponderação e atitude. Por parte de todos e cada um de nós, em particular daqueles que exercem responsabilidades públicas. Para impulsionar tudo isto tenho insistido na renovação, na refundação partidária. Isso sim iria contribuir para fazer verdadeiramente a diferença. Estamos bastante cansados, saturados mesmo, de ouvir falar em reformas, mudança, etc, etc, inclusivamente alguns de nós (infelizmente poucos e nem todos assim tão bons...), tentamos dar o nosso contributo para que essas palavras e conceitos tenham expressão prática. Mas não basta mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma. É preciso fazer melhor e fazer a diferença. Enquanto isso tentamos...um impulso à chamada ala liberal pode ser um começo. Deve ser um começo. Tem de ser um começo. Já começa a tardar...

25 maio 2008

Isto é um assalto !

Numa bomba de gasolina (longe da fronteira com Espanha pois essas estão às moscas):



- Mãos ao alto! Isto é um assalto! Não se mexam! Não digam nada! Não façam barulho!

-Ok... Ok... Pronto...Não nos façam mal. São 30 € de gasóleo por favor. Aceita cartão de crédito?

21 maio 2008

História das Coisas

Um video para o fim de semana, simplista talvez, mas interessante como tema para reflectir.

20 maio 2008

A Guerra Civil


O PSD vai a eleições directas para eleger um novo líder no próximo dia 30.

Não deixo de me surpreender com o trajecto da anterior direcção. Luis Filipe Menezes e alguns dos que o rodearam na direcção do partido durante estes meses levaram anos a conspirar para obter aquele resultado. Conspiraram contra tudo e contra todos. Conseguiram trazer para as bases do PSD milhares de militantes sem qualquer capacidade política ou cívica mas que contribuiram durante anos para engrossar as fileiras dos seus apoiantes internos. Foi o caciquismo politico no seu pior!
Durante os meses que lideraram o PSD, e por essa via a oposição em Portugal, não produziram uma única ideia válida de que me recorde. A pergunta que me resta é: Para quê tantos anos de lutas, de debates, de caciquismo, de tempo, de talentos?? Era isto que tinham para dar ao país? Ao Partido? Estranha gente esta, e que desperdício!
Mas ao contrário do anterior confronto, que não produziu nada que interessasse ao país ou ao partido, os novos protagonistas representam ideias e projectos distintos e muito mais interessantes.
Pedro Santana Lopes é muito mais interessante politicamente que Menezes e Manuela Ferreira Leite é uma reserva dourada e antiga dos sociais democratas que não tem comparação com Mendes. Santana é um político nato, com tudo o que isso tem de bom e de mau. De bom tem o instinto e a inteligência, de mau tem o facto de ser um homem que precisa da política para sobreviver.
Santana tem, goste-se ou não, uma ideia de Portugal e dos portugueses. Sente o país e a política como poucos políticos portugueses da sua geração que temos visto passar ao longo dos últimos 30 anos. Ele não desiste, e isso não tem que ver com uma questão apenas de sobrevivência. Ele tem de facto propostas, e algumas bastante corajosas e interessantes e, ao contrário de outros também, nunca abandonou essa ideia que tem do país e que quer trazer para a política. Mas a sua teimosia pode ser também um sinal de debilidade.
Ao contrário de muitos, nunca achei Álvaro Cunhal um homem excepcionalmente inteligente. Culto, com uma capacidade de resistência fisica e mental notáveis, e uma capacidade de liderança ímpar; Sem dúvida! Mas retive-me sempre quando se defendia a sua inteligência e brilhantismo. Um homem que não muda nunca de opinião, mesmo sabendo que o modelo que defende ( no caso dele o soviético) não é válido, não é sinal de brilhantismo intelectual mas de teimosia intelectual. Orgulho talvez!
Se faço esta pequena divagação é porque Santana Lopes faz-me recordar esta situação.
Manuela Ferreira Leite é uma mulher inteligente e resistente. Surpreende-me pela audácia e pela capacidade de afirmar realidades, que apesar de aparentemente simples, são, na política portuguesa, raras. Fê-lo nas duas entrevistas que tive oportunidade de ler no Expresso e ver na SIC. Acho que daria uma boa Chefe de governo em Portugal, pela sua capacidade de liderança nata e pelo respeito, senão mesmo temor, que inspira a muitos. Em Portugal, e na política portuguesa, estas qualidades são mais importantes do que parecem. Não dará uma boa Presidente do PSD seguramente, mas isso é coisa que o país pode dispensar.
Não a temo, mas incomoda-me um pouco a sua frieza e visão economicista. A política precisa mais que rigor nas contas públicas e reformas económicas. Na verdade os portugueses estão um pouco cansados de economia e essa ciência ocupa quase todo o pensamento político de Ferreira Leite. Apesar disso, é, pelas qualidades que detém, o melhor anverso a Sócrates.
O PSD terá muito provavelmente uma Presidente pela primeira vez na sua história. A ser assim, é também muito provável que o país venha a ter, a breve trecho e pela segunda vez, uma Primeira- ministra.
A Política portuguesa transformar-se-à a partir de dia 30 de Maio inevitavelmente.

16 maio 2008

03 maio 2008

Não ao novo acordo!


Descobri hoje uma petição on-line contra o novo acordo ortográfico.


Para aqueles que dele discordam, deixo aqui o link. Eu já assinei...

01 maio 2008

S. Pedro de Alcântara: Finalmente!


Outro dia passei no recém reinaugurado (reabriu em finais de Fevereiro deste ano) jardim do miradouro de S. Pedro de Alcântara. Esteve mais de dois anos - sim dois anos! - encerrado para obras de requalificação, apanhado na teia das atribulações que a autarquia lisboeta viveu e sofreu nos últimos tempos.
Este espaço é, na minha opinião, das mais interessantes, belas e completas panorâmicas das cidade de Lisboa. Fruto do século XIX (das minhas épocas preferidas), concretamente do período romântico, ao qual a cidade tanto deve a vários níveis, entre eles o histórico, urbanístico, arquitectónico, artístico, etc.

Foi requalificado (ainda subsistem, contudo, alguns pormenores a acertar, como por exemplo alguma informação histórica que não detectei, porventura existe algum daqueles marcos metálicos com dados dessa natureza mas que não vislumbrei por lá) o que implicou a remoção do degradado e desenquadrado campo de futebol do patamar superior e de uma construção abarracada no patamar inferior utilizada para actividades menos próprias e nada saudáveis. A estatuária foi restaurada (embora existam algumas colunas no patamar inferior onde faltam os bustos), desde os bustos de heróis e deuses da mitologia clássica e de heróis portuguesa da época das Descobertas (patamar inferior) até à estátua de Eduardo Coelho (fundador do Diário de Notícias) que domina o centro do patamar superior. O lago (que terá vindo dos jardins ou do paço da Bemposta) neste mesmo patamar foi também recuperado assim como a cascata existente no outro patamar. As espécies botânicas replantadas e os espaços verdes tratados.


Todo este conjunto, particularmente agradável e apetecível em dias luminosos e mornos (nos quais Lisboa se revela mais meditarrânica do que atlântica), é e deve continuar a ser parte integrante e vivida da urbe (e vivida com toda a urbanidade...). Vir do Chiado, do Bairro Alto ou ainda da Calçada da Glória (o elevador esteve encerrado um ano e cinco meses devido às obras do túnel do Rossio; reabriu a 18 de Setembro do ano passado) e entrar naquele miradouro ajardinado, distribuido por dois níveis o que lhe confere uma atmosfera própria, suscita-nos sensações particulares, um misto entre viagem no tempo, exaltação dos sentimentos, da criação, da imaginação, da reflexão e de uma fruição ímpar do esplendor da cidade. Olhar a cidade e o seu inseparável Tejo brilhando ao Sol mais ao fundo do lado direito. Contemplar os vales da Baixa Pombalina e o da Avenida da Liberdade (antigo Valverde e Passeio Público). Na colina fronteira o Jardim do Tourel (miradouro um tanto ou quanto esquecido ou ignorado... tenho de lá ir para apurar o estado da arte...), a cúpula do Coliseu dos Recreios mais abaixo. Faz-me pensar que me situo num local que é o centro de um conjunto significativo de teatros: S. Carlos, S. Luiz, Mário Viegas, Trindade, Cornucópia, o referido Coliseu, Politeama, D. Maria II, Tivoli e claro o ainda esquecido Parque Mayer com os seus Maria Vitória (único em actividade), Variedades, Capitólio e ABC, bem perto da mancha verde que é o Jardim Botânico.

É bom ser lisboeta. Mas nem sempre. Nem sempre é bom e nem sempre é fácil quando somos confrontados com a degradação urbana, arquitectónica e humana que ainda persiste. Por desinteresse, por irresponsabilidade, por distracção, por vandalismo, por falta de cultura de cidadania, civismo e urbanidade. No actual S. Pedro de Alcântara recupera-se forças e energias quando estas teimam em faltar para alimentar este amor (que nunca se extingue) por Lisboa.
Voltou a ser vivido pelos lisboetas, por quem trabalha na cidade e por quem a visita. Finalmente!