03 maio 2008

Não ao novo acordo!


Descobri hoje uma petição on-line contra o novo acordo ortográfico.


Para aqueles que dele discordam, deixo aqui o link. Eu já assinei...

4 comentários:

Mr. Lekker disse...

Tenho alguma dificuldade em perceber as razões de tamanha aversão ao novo acordo. Será que poderiam dar-me umas luzes?

André SD disse...

Já assinei também... Já contava com quase dez mil assinaturas.

Não faz sentido um dito acordo desta natureza e com estes contornos. A língua portuguesa é rica e diversa e assume várias variantes. Qual ou quais os motivos que apontam para uma versão oficial da língua portuguesa com base no português do Brasil? A língua portuguesa tem a sua história, os seus contextos culturais e as suas dinâmicas pois não é imutável. Por isso deve continuar a ser a língua portuguesa (de Portugal necessariamente) a versão oficial. Tal não invalida debates e esforços no sentido de uma difusão e maior compreensão (enquanto veículo cultural e ao nível linguístico propriamente dito) da mesma pelo mundo. Que se adoptem as formas mais rigorosas e mais correctas e que se trabalhe a compreensão tendo isso por base e não seguindo um suposto facilitismo que se resume aos seguinte: os brasileiros são mais então são eles que ditam ao mundo como se escreve e fala o português. Não quero ser mal interpretado por isso deixo claro que a minha opinião nada tem de xenófobo (ainda para mais vejo na diversidade uma riqueza incontestável). Há valores mais altos e mais dignos do que o peso económico do Brasil no mundo, como a história e a cultura portuguesas e a sua língua enquanto veículo de comunicação, valorização e afirmação das mesmas. Se não possuimos potencial económico suficiente para assumirmos uma posição de liderança no mundo (e não secundarizo as questões económicas pois são muito relevantes) temos precisamente de nos fazer valer do que temos de melhor e utilizar esse capital em benefício e defesa do país.

Miguel RM disse...

Se os inimigos do acordo tivessem em consideração os outros lusófonos, até seria aceitável a petição. Mas, o grave neste caso é que nenhum dos peticionistas, pelos vistos, se interessa pelo facto de o Estado português ter assinado um acordo com outros Estados soberanos e estarem agora, unilateralmente, a exigir que o dito Estado português se "balde" à aplicação do acordo.
Enquanto português e lusófono, não aceito que a nossa língua não seja orientada por representantes de todos os lusófonos. E não aceito que se trate com desprezo países nossos aliados. Se, como resultado da triste desistência preconizada pelos peticionistas, assistirmos nos próximos anos à consagração do português do Brasil como o verdadeiro português "internacional", ficando nós, portuguesinhos, orgulhasamente sós, espero que haja muitos criadores portugueses que passem a escrever na variante internacional da língua portuguesa. Com sorte, os nostálgicos ainda conseguirão voltar à grafia anterior a 1911, como parece ser o desejo do Prof. António Emiliano, um dos autores da petição.

Mr. Lekker disse...

Pelo que percebo então, o grande problema é a perda do nosso suposto feudo de domínio da língua portuguesa. Essa suposta "versão oficial" é, neste momento, pouco mais do que ilusória. O português que se impõe internacionalmente é, sem sombra de dúvida, na sua variante brasileira. Por um rol alargado de motivos nos quais podemos encontrar: a imagem internacional do país, a facilidade da aprendizagem, a aposta cada vez mais séria e aprofundada de divulgação da língua. Ao invés de lutarmos contra moinhos, e mantermos a nossa tão nobre dignidade, orgulhosamente sós, mais valerá que procuremos encontrar pontes, não só com o Brasil, mas igualmente com os PALOP, e com as próprias comunidades falantes da língua portuguesa espalhadas pelo mundo.
Para além do mais, o que não deixa de ser curioso, o português do Brasil está em muitos casos bem menos deturpado, em algumas palavras e expressões, do que a nossa suposta pura língua.
Esta "polémica" surge, no meu ponto de vista, de uma enorme incapacidade de aceitar sermos mais um em vez de primus inter pares e, desse modo, aceitar que não necessariamente estejamos certos ou que tudo tenha que ser conforme pensamos ser o mais correcto.
Com isto não digo que este acordo, em específico, seja bom ou mau. O que me parece é que com este espírito não há acordo possível: ou é conforme queremos ou não é!