26 agosto 2006

Luandisses...

O Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, recentemente nomeado nº 3 do MNE, Prof. João Cravinho, foi a Luanda em finais de Julho, ao que se diz, tratar do andamento da eterna obra da Escola Portuguesa de Luanda. É curioso que o Prof. ande tão preocupado com a obra, já inaugurada pelo Sr. Primeiro- Ministro. Afinal, a obra que se supõe esteja a funcionar a partir de Setembro, já com um ano de atraso, ainda vai pela metade. Não se sabe ao certo, onde pensam os responsáveis do Ministério da Educação ensinar a Língua de Camões aos cerca de 1200 alunos que aguardam pela abertura de tão inaugurada obra. Eles e os pais, que parece não andam satisfeitos. Talvez o Prof. e os do ME estejam a planear colocar esta rapaziada toda no edificio administrativo, no auditório e em meia dúzia de salas de aula. Afinal, é o que está construido, e inaugurado.
Sejamos sérios!
Estará o governo português interessado em delinear uma política séria relativamente ao ensino, difusão e promoção da Língua e Cultura Portuguesas no mundo? Tem alguma ideia o governo sobre o que fazer com as escolas portuguesas no estrangeiro??
Até à data as sugestões são aterradoras.
Para Luanda fala-se em entregar a direccção da instituição aos privados, isto é, os contribuintes portugueses pagam a obra, sustentam a Escola, mas quem gere são os privados. E quem são os privados? Os papás? Os angolanos?
Quererá o Estado português repetir a brilhante gestão e os magnificos projectos que eram as escolas cooperativas em Luanda e Maputo geridas pelos papás? Terá o Estado português olvidado a razão pela qual se decidiu, em boa hora, construir e avançar com estes projectos nos países africanos e em Díli?
A febre da contenção orçamental e o total desnorte da politica de cooperação portuguesa permite tudo. Na incapacidade para tomar conta daquilo que nós próprios criamos, os ilustres responsáveis passam a batata quente.
Já agora, qual será o estatuto da Escola Portuguesa de Luanda? E a lei orgânica? É que, em Maputo, onde funciona há seis anos um Escola Portuguesa, a lei orgânica ainda não foi aprovada, e o Acordo de Cooperação que lhe deu origem ainda não foi publicado pela parte Moçambicana. moral da história: a Escola é ilegal!
Mas nada disso afecta os grandes designios da politica externa, afinal, Portugal continua a assinar Pac's e Pic's e a doar milhões para a cooperação, mesmo que não tenha a minima ideia do que fazer com eles.
Vamos esperar por Setembro e ver quem lá vai inaugurar mais uma vez a obra.

PS: Não seria mal pensado reforçar a segurança, parece que os papás andam mesmo mal dispostos com tanto atraso, para, afinal, só receberem metade do edificio para os filhos estudarem.

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