29 março 2007

Grandes Portugueses


Escrevo este primeiro post a partir do meu novo país de residência nos próximos anos, a Argélia. Mas graças às novas tecnologias, designadamente no domínio da televisão, é-me possível ter aqui todos os canais da TV Cabo. Isto, para dizer que, ao contrário do meu amigo PBH, assisti à final do programa Grandes Portugueses no Domingo na RTP 1.

Confesso que o resultado me surpreendeu, essencialmente pela ampla margem de vitória do ex-Presidente do Conselho. Dizia-se um pouco por todo lado que a votação estaria renhida entre o Prof. Oliveira Salazar e o Dr. Álvaro Cunhal.

Não lamento o resultado, nem faço deste concurso o que ele não é. Perguntou-se aos Portugueses quem é que eles achavam que tinha sido o maior Português de sempre, e eles (os que decidiram participar no programa), democraticamente votaram e expressaram a sua opinião. Quando se dá a palavra ao Povo, deve-se respeitá-la, sobretudo tentar percebê-la, e não criar fantasmas onde eles não existem.
Este concurso não foi um comício de políticos mortos ou ideias passadistas, como diz o PBH. Considero até que foi bastante interessante e confesso que até aprendi com alguns dos documentários que consegui ver. (já agora, os programas ainda podem ser vistos no site da RTP).

Mas dizer, como o fez Odete Santos, que o programa, ou o seu resultado é inconstitucional, pois faz a apologia do fascismo, é de uma estupidez sem medida, reveladora de um mau perder, e sobretudo da falta de respeito do PCP pela opinião dos votantes. Mas isso também não é de admirar, o comunismo nunca foi grande amante da liberdade de opinar, e onde governou, e infelizmente ainda governa, continua a silenciar os cidadãos e a perseguir aqueles que ousam discordar.

Quanto às razões deste resultado, elas foram bem expressas, na sua diversidade por Rosado Fernandes e por Paulo Portas. Subscrevo também, na íntegra o comentário do ASD feito no post anterior.

Já é tempo de em Portugal se começar a fazer uma leitura histórica e imparcial do que foi o Estado Novo, das suas virtudes e defeitos, dos seus aspectos positivos e negativos. Mas volvidos já mais de 30 anos sobre o 25 de Abril, ainda há liberdades que tardam em chegar… Mas só à Direita, porque à Esquerda essa liberdade é total, não só para fazer a apologia das suas ditaduras, como também silenciar as alheias…

27 março 2007

Os Portugueses IV

Em conclusão aos post escritos em Novembro do ano passado e em Fevereiro deste ano, gostava de comentar o resultado do concurso promovido pela RTP que terminou ontem.
Soube esta manhã, porque não vi o programa, que a vitória da eleição do «melhor português de sempre» foi atribuida a António de Oliveira Salazar por parte dos participantes no concurso.
Não posso deixar de lamentar o resultado! Não que atribua demasiada importância ao resultado , fruto naturalmente de paixões pouco reflectidas por parte de votantes que não procuraram outra coisa senão a vitória das suas convicções mais fantasmagóricas. Outra razão não explica que nos três primeiros lugares tenham ficado três figuras representantes de três facções mais ou menos estranhas ao comum dos portugueses ( Salazar, Cunhal e Sousa Mendes).
É estranho e é triste. Aquilo que poderia ter sido um programa interessante para a divulgação da cultura e história nacionais, virou um comício de políticos mortos e ideias passadistas. Nenhum exemplo para o futuro portanto!
Para mim, restam duas conclusões: a primeira é de que a RTP, ou quem dirige o programa, compreendeu finalmente o seu erro ao não incluir a figura de Salazar nos portugueses elegíveis no início do programa, conduzindo por isso, e por reacção, a um movimento de contestação e de apoio por parte de meia dúzia de indíviduos que não encontraram melhor hipótese para reabilitar a figura de Salazar. Erro crasso que espero tenha servido de aprendizagem aos intelectuais que vivem cheios de fantasmas acerca da primeira metade do século XX e do Estado Novo em Portugal.
A segunda, a de que a eleição de Salazar significa a falência intelectual de uma parte do país. Se dúvidas houvesse, ficam dissipadas. Felizmente o país real não é um concurso de televisão e quando os portugueses vão a votos a sério a conclusão é outra.

20 março 2007

A ideia Luminosa...


O Ministro do Ambiente Nunes Correia anunciou que o Governo levantou a proibição de construção em áreas florestais ardidas, quando provado que o fogo se deveu a causas frutuitas, e «em caso de interesse público ou de empreendimentos com relevante interesse geral» (????)
Com o argumento de que a anterior lei era "draconiana" Nunes Correia retira de uma penada aquele que constituía provavelmente um dos maiores obstáculos aos incendiários portugueses altamente especializados a soldo de todo o tipo de interesses.
O que são empreendimentos com relevante interesse geral? Geral ou particular? E quem decide? Já o interesse público serve para tudo...
Será que este ano vamos assistir mais uma vez a uma vaga incendiária de Norte a Sul do país agora mais apetitosa com esta nova lei do Governo?
É ingenuidade minha ou caberia ao Ministro do Ambiente defender os interesses da floresta? Do ordenamento? Dos recursos naturais? A Rede Natura e os Parques Naturais?
Que lei é esta e que interesses defende? Não compreendo.
Não compreendo a lei e não compreendo a blindagem de que este governo goza ao nível da crítica, nomeadamente por parte da comunicação social.

17 março 2007

Na deriva do Império...


A perfeitura do Rio de Janeiro está a preparar para 2008 um conjunto notável de publicações, exposições e efemérides para comemorar a chegada da Corte Portuguesa àquela cidade em 1808, em consequência da invasão de Portugal pelas tropas napoleónicas.
Para além de uma banda desenhada relatando o acontecimento e que vai ser impressa em cerca de três milhoês de exemplares a serem distribuidos pelas ecolas e bibliotecas da cidade, a programação inclui igualmente o lançamento de livros e manuscritos da época, entre eles o estudo inédito do historiador brasileiro Kenneth Light sobre os diários de bordo das embarcações da comitiva real, em Agosto deste ano.
A igreja de Nossa Senhora do Carmo, no centro da cidade, está a sofrer uma reabilitação integral. A igreja foi utilizada por D. João VI desde sua chegada ao Brasil, em 1808, para assinalar momentos importantes da família real portuguesa. Trata-se da única igreja da América que serviu de palco para a sagração de um rei e a coroação de dois imperadores, além do casamento de D. Pedro I e D. Pedro II.
Ainda segundo o calendário de eventos, será lançado em Julho de 2008, em cinemas de todo o Brasil, um filme sobre D. João VI e a cidade do Rio de Janeiro.
Trata-se de facto de um conjunto muito interessante de iniciativas. Desconheço se o governo português, através do Ministério da Cultura, colabora em alguma destas acções, mas seria interessante que o fizesse.
Aproveito este post para sugerir a leitura de um livro publicado em 2004, do inglês Patrick Wilcken - Império à Deriva- que é um interessantíssimo relato do inédito e surpreendente episódio que foi a transferência da corte e do governo português para o Brasil.
Estou certo que a sua leitura irá surpreender pelo realismo da narrativa, pelos números envolvidos nesta gigantesca operação e pelas intrigas políticas e diplomáticas que a rodearam.

Canto Gregoriano


Para informação dos nossos caros leitores, deixo aqui noticia acerca da internacionalização do Coro Gregoriano de Lisboa. Não se trata de nenhum recado da Cúria, mas não queria deixar de informar acerca do interesse que esta antiga forma de expressão cantada pode ter nos dias de hoje, e como contribui para a internacionalização da música portuguesa.
O Coro Gregoriano de Lisboa, fundado em 1989 por um grupo de antigos alunos do Instituto Gregoriano de Lisboa, já editou três álbuns em CD: «Liturgia de Santo António» (1993), «Missa pela Paz» (1997) e «Missa pela Chuva» (1999, ao vivo). Este último não sei se terá alguma reminiscência americana!
O Coro Gregoriano de Lisboa actua a 03 de Junho no 13.º Festival de Música Sacra do Mundo de Fez, Marrocos. O Festival conta ainda com a actuação da soprano norte-americana Barbara Hendricks, a cantora brasileira Tania Maria e o London Gospel Community Choir.
Desejamos uma boa participação dos portugueses neste festival que me parece bastante ecuménico e que seguramente vai atrair muitos mulçulmanos.

A insistência de Bento XVI


O apelo de Bento XVI na sua nova Encíclica para que se realizem mais missas em latim e se promova o canto gregoriano nas celebrações litúrgicas é a prova definitiva, agora por escrito, dos rumores que meses atrás se fizeram ouvir acerca da posição de Bento XVI face às opiniões dos bispos conservadores que defendem este retrocesso formal à celebração da missa católica.
O Sumo Pontífice assume portanto a sua preocupação acerca da forma como os bispos e os párocos celebram a missa nas respectivas comunidades, considerando que o melhor remédio é mesmo voltar às antigas práticas da Igreja, anteriores ao Vaticano II.
Não compreendo a insistência do Papa sobre este assunto. A sua posição só se justifica, dentro da linha que o próprio afirmou ser um dos seus objectivos de pontificado - menos cristãos, melhores cristão. Quanto à primeira premissa, eu não tenho dúvida que este continuado regresso às origens da Contra-Reforma reduzirá cada vez mais o número de cristão católicos praticantes. Quanto à segunda permissa, tenho sérias dúvidas de que aqueles que ficam sejam os mais fiés executores do envangelho.
Em que medida poderão as missas em latim ou o canto gregoriano ( reconheço o valor estético de ambos na celebração de uma missa solene) atrair os católicos às suas paróquias?
Este assunto já foi discutido anteriormente neste Blog, contudo, fiquei surpreendido por esta posição pública do Papa, razão pela qual voltei a escrever sobre a matéria.
Desejo que na próxima visita que Bento XVI fizer , neste caso ao Brasil -9 a 14 de Maio- onde terá oportunidade de visitar o santuário da Virgem da Aparecida, não fique demasiado surpreendido se lhe aparecerem plumas coloridas ou cantares pouco gregorianos (nada próprios dos trópicos) entre os milhões de devotos daquela Virgem, que por sinal são os mesmos que constituem provavelmente a maior comunidade sincrética religiosa da América.

10 março 2007

09 março 2007

Um dia a casa vem abaixo...


A Capela das Albertas, sita no palácio que alberga o Museu Nacional de Arte Antiga, foi encerrada ao público por motivos de segurança devido ao seu avançado estado de degradação, necessitando de obras urgentes na fachada e na cobertura.
Além da capela barroca, decorada em talha e azulejo, situada no primeiro piso do museu, foi igualmente encerrada uma sala no centro do percurso expositivo onde habitualmente fica exposta a baixela Germain, um dos mais importantes conjuntos da colecção de ourivesaria do MNAA. Segundo a Directora do Museu, Dalila Rodrigues «Pelos riscos que corriam, as peças foram retiradas e guardadas em espaço próprio de reserva e estão em segurança».
No mesmo dia, Manuel Bairrão Oleiro, Presidente do Instituto Português de Museus admitiu que existem vários museus nacionais carenciados de obras. «As verbas existentes são limitadas e não se consegue acorrer ao mesmo tempo a todas as necessidades, mas o instituto tem feito um esforço nesse sentido», salientou. Muito bem!
A minha dúvida, entre outras, vai no sentido de compreender duas questões, a meu ver fundamentais: porque é que o Museu Nacional mais importante do país e que alberga as mais importantes colecções do Estado se encontra em tal estado de degradação? Porque se chega ao limite de ter de encerrar duas alas de um museu que só no ano passado recebeu 192.452 mil visitantes?
O MNAA tem um mecenas exclusivo que é o Millenium Bcp e que o ano passado fez uma doação de Eur. 600 mil. O IPM resolveu repartir esta verba, atribuindo apenas 500.000 ao MNAA e os restantes 100.000 ao MNSR no Porto. Este ano, perante uma doação semelhante, o IPM decidiu atribuir apenas Eur. 360.000 ao MNAA. A justificação de Manuel Bairrão Oleiro foi simples«Este ano pensámos que se impunha ser canalizada uma fatia maior para o museu Soares dos Reis» e acrescenta «a distribuição dessas verbas é decidida pelo instituto».
Não compreendo. Se o Millenium Bcp é mecenas exclusivo do MNAA porque razão decide o IPM conceder as verbas originárias do mecenato como mais lhe convém? Fará isso parte do acordo? Não sei, mas tenho dúvidas! Temo que o mecenato sirva para pagar contas da luz e outras coisas que tais nos 29 museus a cargo do Instituto.

O que sei, é que um dia a casa vem abaixo, a das Janelas Verdes e a da Ajuda!

04 março 2007

03 março 2007

Em Santa Comba...

Ao que parece, os ânimos andam exaltados para os lados de Santa Comba Dão.

Tudo porque a autarquia decidiu criar um centro de estudos e um museu dedicado ao Dr. Salazar e ao Estado Novo.

A História não se apaga, nem se altera. Temos de saber olhar para ela e retirar os bons ensinamentos para o futuro. Um Povo sem História, é um Povo sem futuro.

É óbvio que num país como o nosso, uma proposta destas levanta logo polémica. E lá tinham que vir os auto-proclamados "democratas de serviço", valentes "anti-fascistas" para condenar a criação deste museu, alegando tratar-se de uma iniciativa saudosista.

Confesso que cada vez tenho menos pachorra para esta gente. Desde logo, muitos deles, ainda hoje dão vivas a Fidel Castro ou choram o desabamento do império soviético, numa dualidade de critérios de apreciação de regimes que fala só por si.

O desespero nestas tropas deve ser ainda maior depois de conhecerem o top 10 dos Grandes Portugueses...
Vamos ver como vai evoluir esta nova novela...

Boas Recordações (3) Tom Sawyer

02 março 2007

Volver...


O antigo líder do CDS/PP Paulo Portas, veio hoje anunciar ao país a sua disponiblidade para se recandidatar à liderança do partido. O movimento era esperado, depois dos vários sinais dados, tanto no interior do partido e do grupo parlamentar, como fora dele. Curiosamente, hoje também, tivemos oportunidade de ouvir as opiniões do Dr. Menezes, e até do Dr. Santana Lopes, que defendeu a ideia de realizar um refrendo nacional sobre a construção do Aeroporto da OTA. Para intervenções destas, mas valia que não as fizesse, porém é interessante verificar como a Direita portuguesa se mostrou e disse alguma coisa durante um dia. Ficamos a saber que não desapareceram de todo.
A dúvida que fica é esta: Que tem ou que traz o Dr. Paulo Portas de novo à política portuguesa?
Um homem que liderou durante sete anos o CDS/PP, que alcançou para o partido o governo do país, que ocupou durante tempo recorde a pasta da Defesa Nacional, que mais ideias ou projectos trará?
É estranho este fenómeno da política portuguesa. Os partidos não têm capacidade de produzir projectos nem líderes. O que é um partido que é liderado durante sete anos pela mesma pessoa e que de repente não tem capacidade para produzir novos quadros dirigentes? Sei bem que não é fácil conseguir encontrar líderes que unam junto de si pessoas e vontades, num verdadeiro espírito de liderança, mas sete anos é muito tempo. Se o CDS/PP não possui entre os seus dirigentes, nenhum com capacidade de apresentar um projecto válido e mobilizador, então é bom que feche as portas.
Não tenho dúvidas, de que se o Dr. Paulo Portas vencer a corrida à presidência do CDS/PP se torna facilmente no principal protagonista da oposição, tão ineficaz e superficial ela se encontra, entregue nas mãos do Dr. Mendes e do Dr. Louçã. Mas... e depois?
Se os resultados das próximas eleições legislativas forem como penso, ou seja, uma vitória do Partido Socialista com uma maioria relativa, pensará o Dr. Portas estar em condições de integrar o governo juntamente com Sócrates? Não me parece! Será seu plano voltar à política do queijo limiano? Esperamos que não!
Aguardemos a reacção da oposição interna do PSD a esta nova conjuntura, contudo não auguro nada de bom. Antes de tudo, falta ao Dr. Portas ganhar o Congresso e sobre isso tenho algumas dúvidas.
O regresso do Dr. Paulo Portas à liderança do CDS/PP é a prova definitiva da falência do partido enquanto tal.
Portugal tem sede de políticas e de políticos novos. De novos projectos mobilizadores e de novos líderes capazes. A Democracia portuguesa necessita ver-se livre desta rotatividade de discursos e de lideranças e se disso não for capaz, morre nos passos perdidos.

01 março 2007

Há ópera na rua

O Teatro Nacional São Carlos, magistralmente dirigido por Paolo Pinamonti, e no seguimento da trilogia de Wagner “O anel do Nibelungo” iniciada em 2006, volta a brindar-nos com outra grande produção, desta vez a ópera Die Walküre.

Após o grande sucesso do “Ouro do Reno” que originou a colocação de um ecran gigante virado para a praça do teatro e que em directo transmitiu a referida ópera para todos aqueles que não tiveram a possibilidade de adquirir um bilhete, o TNSC volta a oferecer a todos mais três noites históricas.

Desta vez os apreciadores poderão assistir em directo nos dias 8, 9 e 10 de Março, a duas transmissões da ópera Die Walküre e à projecção da ópera Das Rheingold e do respectivo documentário para o Largo de S. Carlos em ecrã de 20 m².


Aqui fica o programa da festa.


Dia 8 de Março, quinta-feira


13:30h – Projecção do documentário RTP sobre Das Rheingold
16:00h – Projecção do documentário RTP sobre Das Rheingold
18:30h – Transmissão em directo da ópera Die Walküre (com legendas)


Dia 9 de Março, sexta-feira


13:30h – Projecção do documentário RTP sobre Das Rheingold
16:00h – Projecção do documentário RTP sobre Das Rheingold
20:00h – Projecção da produção Das Rheingold na íntegra, com legendas.


Dia 10 de Março, sábado

13:30h – Projecção do documentário RTP sobre Das Rheingold
16:00h – Projecção do documentário RTP sobre Das Rheingold
18:30h – Transmissão em directo da ópera Die Walküre (com legendas)

Parabéns S. Carlos e bom espectáculo!

27 fevereiro 2007

Por fim...


Há décadas que o mundo se debate pelos problemas ambientais. O crescimento exponencial das economias e das actividades industriais, aliadas ao consumo desenfreado das sociedades contemporâneas criou um situação insustentável do ponto de vista ecológico e da sustetabilidade energética, dos solos, da atmosfera, da água e dos demais elementos naturais. Em 200 anos os frutos da I Revolução Industrial conseguiram alterar profundamente a face do planeta, a forma como olhamos para a economia, a tecnologia, a política, o consumo, a liberdade, o desejo, as crenças religiosas. A tecnologia desenvolvida nos últimos 200 anos, supera em larga escala todos os avanços da ciência nos anteriores 2.500.000 anos desde que o Homo Sapiens dominou a técnica do fogo e se expandiu no povoamento do planeta. É extraordinário perceber, do ponto de vista histórico e temporal, como tão profundas alterações se deram num tão curto espaço de tempo.
A factura desta descoberta maravilhosa que nos conduziu na senda da velocidade e da informação, do consumo e do conforto, é enorme. A ecologia, vive de equilibrios frágeis, e os recursos para alimentar e proporcionar bem-estar a 6.000.000.000 de pessoas são escassos.
Ao fim de décadas de discussão sobre os efeitos nocivos que este status quo provoca no meio ambiente a nível global, parece que as preocupações ecológicos começam a entrar definitivamente no discurso dos líderes mundiais.
O Presidente da Comissão Europeia anunciou uma proposta para uma política energética comum, declarando que "a Europa está a preparar uma grande revolução industrial". Declara-se convencido de que a proposta da Comissão, a discutir a 08 e 09 de Março na Cimeira da Primavera, vai ser aprovada pela maioria dos Estados.
Antecipando um «conselho europeu histórico», Durão Barroso mostra-se convencido de que a energia e o clima são o «grande motivo para a integração europeia no século XXI» e que a sua proposta vai «mudar o modelo de desenvolvimento económico, baseado no carbono de baixo custo». Para Durão Barroso, a energia e as alterações climáticas são hoje «a questão central europeia», pelo que é essencial a Europa trabalhar em conjunto.
Também esta semana, assistimos a um acontecimento inédito. O antigo vice-presidente norte-americano Al Gore subiu ao palco das estrelas de cinema para receber um Óscar da Academia das Artes Cinematográficas. Fê-lo por duas vezes, e por duas vezes defendeu a necessidade de mudança na política energética e ambiental. Independentemente das questões eleitoralistas ou de promoção política subjacentes ao seu discurso e aparição pública em Los Angeles, a verdade é que as suas palavras têm impacto ao nível do discurso político.
Portugal infelizmente não está a desenvolver os esforços necessários e desejáveis para cumprir as directivas comunitárias de redução de emissões de C02 até 2010. Se há alguns anos estávamos aquém de atingir a nossa quota de emissões, hoje somos excedentários, afastando-nos das metas propostas. A nossa factura petrolífera cresceu 19% no ano passado e o desenvolvimento de uma real política de incremento de energias renováveis está longe de ser uma realidade. Apesar de tudo alguma coisa tem sido feita.
A consciência de que o actual modelo de desenvolvimento é insustentável são boas noticias, porquanto essa consciência nos conduzirá à alteração de comportamentos e de opções.

Penso que a real mudança se faz em cada um de nós, enquanto cidadãos e decisores, e é das opções individuais que nascem os modelos políticos gerais. É por isso que deixo aos caros leitores da Gazeta Lusitana, um pequeno exercício para verificarem das suas opções do dia-a-dia e de como isso pode afectar a sustentabilidade ecológica. É um exercício simples e fácil, designado de «pegada ecológica» e os resultados podem ser surpreendentes.

E agora o Irão...


Depois de algum tempo de ausência, trago à discussão na Gazeta um assunto de alguma preocupação. O Irão anunciou no último Domingo que não irá abandonar o seu programa nuclear. Fê-lo no mesmo dia em que anunciou ter lançado com êxito um foguetão com fins científicos , capaz de se erguer a 150km de altitude antes de regressar à Terra.

Simultaneamente reúnem-se em Londres os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU em nova tentativa de redigir uma resolução sobre o Irão.
As sanções aprovadas no fim de 2006- interdição de transferencia de tecnologias e congelamento de bens de pessoas e empresas- estão a conseguir resultados, segundo os norte-americanos, que por isso defendem a manutenção da pressão.
No Domingo também, o jornal britânico The Sunday Times, noticia que alguns dos mais destacados comandantes militares dos E.U. A. estão determinados a demitirem-se dos seus cargos se o Presidente George Bush ordenar um ataque militar ao Irão, por considerarem que não têm capacidade militar para enfrentar o Irão de forma significativa.
O cenário é preocupante. Por um lado, verifica-se um crescente sentimento de insegurança no Médio Oriente, por outro, a inabilidade de resposta da comunidade internacional.
O Afeganistão continua a ser um problema por resolver, o Iraque, como era previsivel, não tem solução na actual conjuntura, o Irão por seu lado, revela-se temerário.

Há muito tempo que o governo norte-americano vem dando sinais de querer interferir no Irão. Já passaram alguns anos desde que o actual Presidente dos E.U.A. iniciou aquilo que designou como sendo uma cruzada contra o eixo-do-mal. O Irão, desde princípio, ocupa lugar cimeiro neste filão.
Ao contrário do Iraque, sobre quem o Secretário da Defesa Colin Powell jurava em pleno Conselho de Segurança possuir armas de destruição massiva, razão que serviu de pretexto à invasão do país e que até hoje não se encontraram, o Irão mostra ao mundo as suas armas para quem as quiser ver. Não só mostra como brada orgulhosamente um programa nuclear do qual não pretende abdicar.
E agora que fazer?
Depois de gastarem biliões de dólares no Afeganistão e no Iraque, sem resultados visiveis, como pretenderão resolver esta crise os E.U.A? O Irão não é o Iraque, todos sabemos isso e os generais americanos também, razão pela qual ameaçam abandonar os seus postos caso seja dada luz verde a qualquer operação naquele país. Mas então que fazer? Estarão os paises ocidentais na disposição de perder a face perante a arrogância persa? E se não fizerem nada como será o futuro do Médio Oriente?

Infelizmente, o único cenário que prevejo é o pior de todos eles. Um crescendo de tensão que conduzirá inevitavelmente a um conflito bélico entre o mundo Ocidental e o bastião do mundo Chiíta. Este caminho de loucura vem sendo desenhado há bastante tempo, e todos os episódios até agora verificados o tornam cada vez mais real. De um lado e de outro da barricada as posições não cedem. Os mulçulmanos não estão dispostos s fazer mais cedências nem pretendem baixar os braços a não ser pela força das armas. O Irão é o berço orgulhoso da maior e mais forte comunidade mulçulmana do mundo e a sua queda não se faz sem a perda e transformação do mundo que conhecemos. Temo sinceramente, estarmos mais perto do que julgamos daquilo que sabemos inevitável mas que não queremos nem desejámos ver.
Não pretendo ser alarmista mas penso que devemos começar a olhar para este problema com olhos de ver. A instabilidade que se vive entre o Islão e as potencias ocidentais é de um crescendo significativo desde há pelo menos 10 anos . Sadam Hussein era um sunita num país maioritariamente chiíta. O seu desaparecimento seguramente agradou a muitos opositores dentro do próprio país. O Irão é diferente. O Irão dos Ayatolas é um símbolo de mulçulmanos de todo o mundo, desde a Indonésia a Marrocos. A sua sublevação pode significar um inimaginável conflito mundializado.
Estejamos atentos, o Irão é muito diferente...

15 fevereiro 2007

O Grande Momento de Chirac...


Pierre Péon editou um livro intitulado «L`inconnu de L`Elysée» baseado em entrevistas a Jacques Chirac. Nestas entrevistas, o Presidente francês faz algumas revelações curiosas sobre a sua vida privada e sobre o seu percurso político de quarenta anos.
De entre as várias afirmações extraordinárias a que os media franceses deram destaque, do livro que será publicado no próximo sábado, existe uma curiosissima.
Afirma o Presidente francês que a chegada de Cristovâo Colombo à América «não é um grande momento da história». Assegurando ter uma «visão geral do mundo» e assinalando que «cada cultura traz à Humanidade algo básico», afirma sobre a presença espanhola na América «não tenho admiração por essas hordas que foram para destruir».
Ao relatar um episódio sobre um convite que as autoridades espanholas lhe fizeram a determinado momento para participar nos 500 anos do "lo de 1492" e ao expôr a sua recusa, revelou que recebeu um telefonema do monarca espanhol «surpreendido» por essa atitude.
É na resposta a Juan Carlos de Borbón que Chirac defende a sua tese: a chegada de Cristóvão Colombo à América «não é um grande momento da História, os vikings chegaram a este território cinco séculos antes», e continua «Os vikings não causaram tanto alvoroço e, além disso, tiveram a elegância de se destruírem a eles mesmos», salienta o chefe de Estado francês.

Pois é, Jacques Chirac tem uma «visão geral do mundo» falta-lhe agora a visão específica!
Será alguma dor na zona entre o braço e o antebraço?
Talvez o Presidente francês faça a elegância...

13 fevereiro 2007

12 fevereiro 2007

A vitória do SIM


Votantes: 43.61%



SIM 59.25%


NÃO 40.75%

10 fevereiro 2007

No Domingo, todos a votar

Terminou a campanha e entrámos no chamado período de reflexão.

No Domingo, exerça o seu direito, cumpra o seu dever e vote.

Seja qual for o seu sentido de voto,

VOTE !

E já agora, bom fim de semana!