02 janeiro 2007

2004: Percepções e Realidade (3)

De novo se colocava a tese da separação entre os cargos de presidente do partido e de primeiro-ministro. Marcelo Rebelo de Sousa admitia ser primeiro-ministro, sendo eu presidente do partido, e levara esta proposta a Durão Barroso logo no dia do anúncio do nome do presidente da Comissão, a 25 de Junho. "Naturalmente" o Expresso teve acesso à conversa que decorreu nesse encontro e dela dá notícia no dia seguinte: "Marcelo teve ontem uma longa conversa com o primeiro-ministro (...) [sobre] o cenário de o professor poder suceder a Barroso no caso de Santana não se opor, já que respeitar a vontade do seu "sucessor natural" é ponto de honra para Durão na condução deste processo. O pior, diz um dirigente do PSD é que, mesmo que Santana aceitassse, no PSD a hipótese de Marcelo seria a guerra total." pag. 43/44
Suficientemente elucidativo para percebermos todo o comportamento de MRS na vigência do XVI Governo Constitucional...

16 comentários:

Consciência Critica disse...

Nesta sensivel matéria dou-lhe... nota (-20)! Toma e embrulha ó MRS!

Luis Cirilo disse...

Escrevendo com o á vontade de quem nunca foi santanista,nem mesmo quando PSL era primeiro ministro (tempo em que curiosamente se deram algumas conversões apressadas mas que duraram tanto como esse governo...),reconheço que ele também tinha direito á sua verdade.
E o livro que escreveu é fiel trasnmissor dessa sua visão dos acontecimentos.
Penso que PSL, apesar de alguns disparates que cometeu e deixou cometer,foi vitima de uma verdadeira conjugação de interesses contrários.
Sampaio,Cavaco,Marcelo,Marques Mendes (como na canção de Rui Veloso "...todos se uniram para me tramar...")PS,PCP,BE,algum PSD,enfim foi um verdadeiro tiro ao alvo!
Ainda é cedo para fazer História mas,sinceramente,penso que esse governo nem foi tão bom como PSL o "pinta",nem tão mau como os seus detractores querem fazer crer.
Não merecia era a decisão de Sampio de dissolver a assembleia.
Esse foi um verdadeiro frete ao PS e a Socrates.

Anónimo disse...

A mim parece-me que é importante recordar que o Eng. José Sócrates ganhou as eleições legislativas de 2005 com MAIORIA ABSOLUTA, obtendo a maior vitória eleitoral de sempre numas eleições legislativas em Portugal.
Penso que é igualmente importante recordar que o ex Presidente da República representa apenas um voto dos mais de 2570000 eleitores que votaram no actual primeiro ministro.
Julgo também relevante frisar que tal votação serviu, justamente, para conferir aceitação por parte do povo face à decisão tomada pelo Dr. Jorge Sampaio, aquando da dissolução da assembleia da república. E escusado será recordar que em democracia, quem manda é o povo!
Mais: a maioria que estava na assembleia não foi legitimada pelo voto dos portugueses. Os portugueses votaram no PSD do Dr. Durão Barroso para formar governo e foi a ele que lhe deram a vitória; não a deram ao CDS de Paulo Portas e muito menos ao PSD de Pedro Santana Lopes, que só chegou ao governo por abandono do cargo e do país por parte do Dr. Durão Barroso.
Mais ainda: Pedro Santana Lopes foi, ainda assim, a votos, e perdeu! PERDEU!
Em política, o que se merece ou deixa de merecer, são os votos! É com eles que se ganham eleições. É sem eles que se perde. São eles que legitimam a acção do vencedor.
Toda e qualquer desculpa para uma derrota eleitoral que não seja "o povo não quis eleger-me" é pura demagogia e cinismo político... parece-me a mim.

Anónimo disse...

A mim parece-me que é importante recordar que o Eng. José Sócrates ganhou as eleições legislativas de 2005 com MAIORIA ABSOLUTA, obtendo a maior vitória eleitoral de sempre numas eleições legislativas em Portugal.
Penso que é igualmente importante recordar que o ex Presidente da República representa apenas um voto dos mais de 2570000 eleitores que votaram no actual primeiro ministro.
Julgo também relevante frisar que tal votação serviu, justamente, para conferir aceitação por parte do povo face à decisão tomada pelo Dr. Jorge Sampaio, aquando da dissolução da assembleia da república. E escusado será recordar que em democracia, quem manda é o povo!
Mais: a maioria que estava na assembleia não foi legitimada pelo voto dos portugueses. Os portugueses votaram no PSD do Dr. Durão Barroso para formar governo e foi a ele que lhe deram a vitória; não a deram ao CDS de Paulo Portas e muito menos ao PSD de Pedro Santana Lopes, que só chegou ao governo por abandono do cargo e do país por parte do Dr. Durão Barroso.
Mais ainda: Pedro Santana Lopes foi, ainda assim, a votos, e perdeu! PERDEU!
Em política, o que se merece ou deixa de merecer, são os votos! É com eles que se ganham eleições. É sem eles que se perde. São eles que legitimam a acção do vencedor.
Toda e qualquer desculpa para uma derrota eleitoral que não seja "o povo não quis eleger-me" é pura demagogia e cinismo político... parece-me a mim.

Chicão disse...

E depois é o PS que tem a mania da perseguição, das cabalas... Tenha noção...

Carlos Sério disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Carlos Sério disse...
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Carlos Sério disse...

O que eu acho é que o oportunismo de Durão e a vaidade de Santana colocaram o PSD numa situação de fraqueza, que se perpétua hoje ainda, e de que são os únicos responsáveis.
Durão nunca deveria ter abandonado o governo nem Santana deveria tê-lo aceite.
Sampaio fez o papel que lhe competia e que consistiu em dar todas as mãozinhas ao PS. Ao PSD não cabe responsabilizar terceiros por situações que os seus mais altos dirigentes, não por inabilidade o que seria até desculpável, mas por puro oportunismo pessoal criaram deixando o PSD em grandes dificuldades. Os militantes do PSD deverão ter isto presente exigindo responsabilidades em tempo oportuno. Basta destes baronetes no PSD

Chicão disse...

Ruy assino por baixo! Eu não o teria dito de melhor forma!

Anónimo disse...

Caro RM, a legitimidade daquele parlamento era total! E tinha um mandato de 4 anos para cumprir! Os partidos da então maioria sempre o afirmaram de uma forma clara. O PSD nos tempos de Cavaco também sofeu importantes derrotas eleitorais em Europeias e Autárquicas e até nas Presidenciais! O que teria acontecido se tivessem dissolvido a Assembleia nessa altura?
Por outro lado ainda hoej estão por explicar as verdadeiras razões que levaram à dissolução do Parlamento. Sampaio, mais uma vez, não as conseguiu explicar na entrevista de hoje à RTP. Dissolver uma maioria a meio do mandato, quanda esta tomava medidas dificeis e na altura mais favorável ao maior partido da oposição, é mau serviço ao País.

Anónimo disse...

Não fazia tenção de comentar a obra publicada pelo Dr. Santana Lopes. Não a li, embora o assunto me interesse. Contudo, foi o comentário de Luís Cirilo que me impulsionou. Em concreto a parte que refere "Ainda é cedo para fazer História
mas,sinceramente,penso que esse governo nem foi tão bom como PSL o "pinta",nem tão mau como os seus detractores querem fazer crer.
Não merecia era a decisão de Sampio de dissolver a assembleia.
Esse foi um verdadeiro frete ao PS e a Socrates.". Completamente de acordo. Subscrevo a 100 %. É uma análise equilibrada, correcta e não tendenciosa. Ninguém é exclusivamente santo nem exclusivamente vítima.
Não me quero alongar neste comentário, só dizer ao RM para ler com atenção...

Anónimo disse...

Eu não me apetecia ter que repetir isto, mas perante os últimos comentários sinto-me na obrigação de o fazer... pode ser que desta vez o meu ponto de vista se esclareça definitivamente: em demoracia, a única coisa que legitima o poder, é o voto do cidadão! Os portugueses, a seu tempo, elegeram o Dr. Durão Barroso para os governar e os votos que ele recebeu (poucos mas suficientes) deram-lhe a legitimidade para o exercício do poder. Mas em determinado momento, o "oportunismo" e a "vaidade" pessoais falaram mais alto e a caminho de um cargo de maior prestigio internacional, abandonou o voto que os portugueses lhe tinham dado e o país! E com ele levou a legitimidade que só a ele tinha sido entregue pelo voto. O que o foi substituir não recebeu essa legitimidade dos votos. Nem a maioria parlamentar a tinha recebido, uma vez que o Dr. Durão Barroso ganhou por uma diferença muito curta relativamente ao PS o que o levou a ter que se aliar (pós-eleições) a outro partido para conseguir uma maioria absoluta arranjada. As garantias que então deu de manutenção dessa maioria por 4 anos supunham a sua própria manutenção à frente dessa maioria... segundo a vontade do povo. Mas ele assim não quis. E portanto, com ele fora, e sem a legitimidade da nova maioria que não tinha ido a votos, quem podia assegurar a estabilidade da mesma? Ninguém!

Caro RMG, diz e com verdade que nos tempos do Prof. Cavaco Silva enquanto primeiro ministro, o PSD sofreu derrotas eleitorais importantes e a assembleia nao foi dissolvida por isso, mas então deixe que lhe recorde as diferenças entre os casos em discussão e que impossibilitam a compração que faz. Primeiro: o Prof. Cavaco Silvao conseguiu as maiorias absolutas apenas com o voto dos portugues; nao precisou de as arranjar à ultima hora e isso legitimou à partida e de forma inequivoca todos os mandatos para que foi eleito. Segundo: o Prof. Cavaco Silva, enquanto primeiro ministro eleito pelo povo, nunca abandonou o país para se dedicar a cargo de qualquer outra espécie. Respeitou a vontade popular e cumpriu, até ao fim, a expressão dessa vontade, com toda a legitimidade que só os votos dos cidadãos lhe deram! Os casos são obviamente distintos e ir buscar essa comparação não me parece de todo razoável nem justificável.

Reconhecer que se erra não é assim tão difícil...

Anónimo disse...

Caro RM, obviamente que eu reconheço que houve erros. Aliás o próprio Santana no livro também o reconhece.
Mas há um ponto do qual discordo plenamente. Nas eleições legislativas votamos em listas de deputados para o parlamento. Ninguém elege um primeiro-ministro. Logo, não havendo alteração dessa maioria, não há razões para a dissolver. Certo?
Quanto muito, as pessoas podem ter expectativas sobre quem será o 1º ministro, não mais do que isso. Imagine-se que nas eleições de 2002, o Durão tinha ganho na mesma, mas a maioria do Parlamento era de esquerda. E imagine-se que Ferro Rodrigues assegurava ao PR um governo maioritário com uma frente de esquerda. Não teria ele legitimidade para governar?

Anónimo disse...

Certamente que sim, mas perdê-la-ia no momento em que ele, enquanto garante dessa promessa de maioria estável, abandonasse o país e as suas responsabilidades para acrescentar um cargo de maior notoriedade ao seu curriculo...

Anónimo disse...

olhe que não, olhe que não.
Deixe-me aliás dar-lhe mais 2 exemplos. Jorge Sampaio interrompeu o mandato de presidente da Câmara de Lisboa para ser Presidente da República, e João Soares sucedeu-lhe na Câmara. Ninguém questionou a legitimidade. O mesmo com Santana e Carmona na mesma Câmara. E se há eleições que são personalizadas em Portugal, são as autárquicas.

Anónimo disse...

Que bem que lhe fica citar esse grande nome do comunismo português... a outro, cantar a Grândola para a TV, já lhe valeu a eleição para a presidência...

São verdade os exemplos que identifica, mas penso que insiste em buscar comparações entre factos não comparáveis. Por um lado, a comparação entre a interrupção de um mandato de um cargo nacional para exercer outro de maior relevância para o país e o abandono de um mandato de um cargo nacional para exercer outro de maior prestigio pessoal. Por outro lado, a comparação entre presidente de câmara e primeiro ministro. Primeiro, quem poderia demitir os presidentes de câmara substitutos? Segundo, esses dois presidentes de câmara substitutos vão depois a votos e ambos ganham, ao passo que o primeiro ministro substituto também vai a votos mas perde!