18 novembro 2006

Sururu na Câmara de Lisboa


A SRU da BAIXA POMBALINA

O que mais tem feito apodrecer a partidocracia portuguesa, tem sido o monolitismo da sua vivência interna.Numa lógica neo salazarista, mesclada pelo nosso centralismo napoleónico, nos partidos, em todos eles, só conta o que pensa e decide o líder circunstancial e o seu iluminado séquito.Esta atitude é tanto mais grave, quanto é exactamente isto que também se verifica nos dois principais partidos do sistema.Ao longo dos anos, este percurso tem conduzido à desertificação e estirilização dos aparelhos partidários. Cada vez intelectualmente mais pobres, mais dependentes das mordomias da ocupação do poder, cada vez menos livres.
Ora, são episódios, como o que agora ocorreu, com a novela em curso, sobre a constituição da SRU da Baixa Pombalina, que mais colocam a nu este caminho.Portugal Gaspar, um qualificado quadro do PSD/Lisboa – e não mais um “boy”, foi convidado em Setembro, pelo próprio Presidente da Câmara, para participar na administração dessa mesma Sociedade de Reabilitação Urbana. Aceitou e ficou à espera da nomeação.
A proposta em apreço foi, com a designação dos nomes dos titulares, à reunião de Câmara de 2 de Novembro passado. Com uma desculpa circunstancial esfarrapada foi, à última hora, retirada da ordem de trabalhos.Nos dias subsequentes, a Presidência da Câmara comunicou a Portugal Gaspar, e a um grupo alargado de deputados municipais, que a proposta dificilmente poderia ser confirmada, porque tinha a oposição, pessoalmente formalizada, do líder do partido, bem como da presidente do PSD/Lisboa!!!
Assim, ontem, foi apresentada a reunião de Câmara, uma proposta “hemiplégica”, ou seja, somente com dois dos três membros do conselho, o que terá causado, entre outros motivos, o desmoronar da coligação PSD/CDS.
Como Presidente de uma Câmara, onde, em harmonia, lidero há dez anos uma coligação com estes dois partidos em permanente sintonia, lastimo que pequenas guerrilhas pouco responsáveis possam colocar em causa a estabilidade governativa na principal Câmara do País.
O PSD tem muitos e bons quadros na Câmara de Lisboa, mas também conheço sobejamente a competência e a honradez de Maria José Nogueira Pinto. Não foi certamente por esse lado que quebrou a corda. Um dia ainda havemos de ter um País onde, como em França, se realizam primárias, sem drama, para escolher um candidato presidencial ou, como, na Grã Bretanha, o primeiro Ministro se sujeita ao sufrágio anual do partido e do seu próprio grupo parlamentar.
Modernices, das sólidas e “velhas” democracias…

posted by Luís Filipe Menezes at 4:19 PM

Sem comentários: