05 janeiro 2009

Volta, estás perdoado!

Como é o primeiro post que escrevo este ano desejo a todos um excelente ano de 2010... 2009 aliás! Sim vamos ter de passar por ele, com realismo, determinação e também esperança, mas sem ilusões. Se o tempo não volta para trás, como seria desejável nalgumas ocasiões, também não acelera, como seria (é) desejável noutras.

Espero que apesar da dita crise financeira e económica de escala global o mundo avance nos processos de paz ( a actual situação no Médio Oriente, infelizmente, não aponta nesse sentido), que se consiga insistir na formação dos recursos humanos, no alcance mais alargado da educação, da cultura e da ciência, que se consiga arranjar soluções alternativas criativas, inovadoras e sobretudo eficazes, que não passem, praticamente em exclusivo, pela injecção de capital do Estado nas empresas (ainda para mais com critérios de selecção questionáveis), que seja feita a escolha prioritária de apoio a projectos de pequena ou média dimensão mas com resultados profícuos e duradouros. Incluo aqui projectos na área da cultura, mas também da economia, sobretudo se falarmos de turismo cultural ou ambiental de qualidade que permitem uma ponte directa entre um sector e o outro. Escrevia outro dia sobre isto um professor universitário catedrático de economia, cuja tese de doutoramento versa sobre a economia internacional, alertando para a importância deste tipo de selecção de investimento público em detrimento das grandes obras públicas, também conhecidas como obras de regime, que pelo menos parcialmente deveriam (e devem) sofrer profunda revisão. Meus caros sabem a que ilustre professor me refiro? Campos e Cunha, ex-ministro das finanças do governo Sócrates, que sai do governo apenas pouco mais de quatro meses após ter tomado posse. Percebe-se bem o motivo da saída (afastamento?) e clarifica para quem ainda pudesse ter alguma espécie de dúvidas qual o rumo que leva o actual governo, ou ausência deles (de rumo e de governo). Logo foi apontado como pouco político e rapidamente remodelável, ou seja, criou mau estar no aparelho do PS e crispação com a dupla Lino e Pinho, portanto é para afastar. É incrível como quem tem ideias estruturadas sobre determinadas matérias, que até dariam projectos interessantes e importantes, razoáveis e viáveis, com um bom equilíbrio custo/benefício é tantas vezes tido como pouco político e se tiver "sorte" ainda por excessivamente técnico em jeito de disfarce do cilindro partidário a sobrepor-se a tudo o resto, mesmo que esse resto seja o interesse público e o desenvolvimento do país. E o problema é ainda mais grave quando constatamos que Campos e Cunha não é caso isolado nem excepção à regra.


Mas Campos e Cunha enquanto governante já lá vai (embora perante tudo o que mencionei é caso para dizer "Volta, estás perdoado!"), temos de pensar quem se seguirá a Sócrates e sobretudo que tipo de democracia queremos e podemos ter, que tipo de organizações políticas e sociais melhor servirão o interesse nacional, e possivelmente rever os próprios interesses nacionais e sua hierarquia de prioridades. Em tempos de guerra, que é como quem diz de crise, não se limpam armas, mas existem algumas (se não armas, ferramentas) que devem estar sempre impecáveis, mesmo (ou às vezes sobretudo) durante crises: capacidade de reflexão, espírito crítico, visão estratégica, dedicação e empenho às causas públicas.

Venha 2009!

1 comentário:

JOY disse...

Socrates não quer junto de si, pessoas que pensem , quer yes mens prontos a venderem a alma ao Diabo em troca de um bom tacho. Foi por isto que Campos e Cunha foi corrido ao fim de 4 meses.

Um abraço
Joy