
Outro dia estive no Jardim do Torel. Estava no renovado Jardim de S. Pedro de Alcântara e ao avistar o Torel no outro lado da Avenida da Liberdade resolvi ir até lá (ainda para mais tinha feito essa promessa aqui no blog precisamente num "post" sobre S. Pedro de Alcântara). Subi no Elevador do Lavra e lá cheguei. E o desconsolo foi total. Aliás foi mais do que isso. Tinha havido uma festa de uma qualquer associação e o cenário aproximava-se do caótico. O Jardim para além de degradado ainda estava por limpar e "arrumar". A vista para o antigo Valverde, que é como quem diz Avenida da Liberdade, é que funcionou como escape, pelo menos momentâneo pois não ia ali somente para descansar e gozar a vista. Penso sinceramente que a blogoesfera pode dar um contributo (um entre outros necessariamente) para a promoção da cidadania, e em particular no que diz respeito à cidade de Lisboa. Aliás, existem já felizmente alguns blogs que se especializaram em assuntos lisboetas e que alertam para diversos problemas que a cidade enfrenta. A Gazeta é mais generalista (penso que assim deve continuar), porém quando aqui comecei a escrever afirmei que uma das temáticas a abordar seria a lisboeta. Ainda bem que os meus amigos Gazeteiros Pedro BH e Rodrigo MG (também nas "Crónicas Alfacinhas") se pautam pela dedicação a Lisboa. Nunca seremos em demasia.
De volta ao Jardim do Torel. Sujo e degradado, situado numa rua com casas e palacetes de finais do século XIX/inícios do século XX, bem próximo do Campo de Santana...Numa zona bem central da cidade onde espaços verdes e de lazer fazem sempre falta, não só para os que lá moram (que são infelizmente cada vez menos nessas zonas, tendência essa que deve ser invertida a todo o custo sob pena da cidade, da verdadeira cidade, ir morrendo) mas para todos os outros lisboetas e cidadãos nacionais ou estrangeiros que visitam, trabalham ou passam pela cidade. É essa a essência das zonas públicas. Neste caso de um jardim público que deve ser reabilitado, mantido, preservado, dignificado de forma simples pelos seus utentes por uma utilização responsável e que se paute pelo civismo e pela tutela por uma gestão responsável.
Espero que a C.M.L. assuma as suas responsabilidades e que os cidadãos que o frequentam usufruam do espaço (após as obras necessárias pois agora só mesmo pela vista) com todo o civismo. Sem ser excessivamente pessimista não sei qual será mais difícil. Como não gosto particularmente de generalizações esperemos que não seja tanto assim e que o Jardim volte a sê-lo em pleno. Aquilo que é Património tal como o tanque, azulejos, esculturas seja recuperado, mobiliário de jardim renovado e zonas verdes requalificadas. A juntar a isto critérios mais exigentes de utilização e cedência do espaço. Ser público deve significar precisamente o contrário do que aparentemente sucede. Uso e abuso. A boa prática é bom uso e penalização dos abusos. E a C.M.L. a zelar pelo património da cidade que é de todos. Não o fazendo é tão ou mais irresponsável do que aqueles que atiram lixo para o chão, caminham por entre os canteiros ou arrancam bocados do jardim.















A não ser Roma e os diamantes nada mais é eterno. E mesmo estes já estiverem mais próximos do enquadramento perfeito no conceito de eternidade. Num mundo onde a globalização (nas suas várias vertentes e variantes) está em curso e em velocidade cruzeiro os acontecimentos sucedem-se muito rapidamente, sabemos de forma igualmente instantânea que as coisas aconteceram ou que vão acontecer e em muito mais sítos em simultâneo, assim como sabemos que outras deixaram de acontecer, outras de existir. Pode ser que seja nesta última moldura que têm lugar as forças políticas. Pelo menos nos modelos actuais. Todas, pelo menos em teoria. Os partidos políticos não são eternos, nem se devem tentar eternizar artificialmente através de plásticas de qualidade, no mínimo, duvidosa. Sabemos que neste mesmo mundo globalizado a imagem, o marketing e a comunicação assumem um papel cada vez mais activo (o que não tem de ser necessariamente mau se nas devidas proporções e no seu devido lugar na lista de prioridades). Para haver algo que deva e mereça ser mostrado, divulgado, comunicado é necessário que haja substância, conteúdo, não apenas uma bonita e moderna fachada com um interior a cair de podre, carcomido pela idade e não só...





















